Estes são alguns momentos importantes nas sete décadas de tensão entre as duas Coreias, tecnicamente ainda em guerra, depois que Pyongyang explodiu o escritório de relações com o Sul nesta terça-feira.
– 1950-1953: a guerra –
Em 25 de junho de 1950, o Exército norte-coreano cruzou o paralelo 38º que marca a divisão da península entre o Norte, comunista, e o Sul, capitalista, e tomou Seul em três dias.
Internacionalizada com o apoio dos Estados Unidos, ao Sul, e da China, ao Norte, a guerra deixou entre dois e quatro milhões de mortos.
Em 27 de julho de 1953, um frágil armistício foi assinado, mas não foi seguido por nenhum tratado de paz. Tecnicamente, as duas Coreias ainda estão em conflito.
– Infiltrações e atentados –
Inúmeros ataques, infiltrações e confrontos, a maioria deles causados por Pyongyang, ameaçaram o cessar-fogo. A Coreia do Norte colocou várias vezes suas tropas em estado de guerra.
Em 21 de janeiro de 1968, uma equipe de 31 comandos, enviada por Pyongyang para Seul para assassinar o presidente Park Chung-Hee, foi detida a 100 metros da presidência. Mais de 90 sul-coreanos foram mortos no tiroteio. Apenas um dos dois comandos sobreviventes foi capturado.
Em 18 de agosto de 1976, soldados norte-coreanos atacaram uma equipe que podava árvores na zona desmilitarizada entre as duas Coreias. Dois soldados americanos perderam a vida.
Em 9 de outubro de 1983, a Coreia do Norte bombardeou um mausoléu em Yangon, Mianmar, durante uma visita do então presidente sul-coreano, Chun Doo-hwan. O episódio deixou 21 mortos, incluindo ministros.
Em 29 de novembro de 1987, uma bomba explodiu em um avião da companhia sul-coreana Korean Airlines (KAL) perto de Mianmar (115 mortos). Seul acusou Pyongyang, que sempre negou envolvimento.
Em 18 de setembro de 1996, 24 agentes norte-coreanos e quatro sul-coreanos morreram durante uma tentativa de infiltração em um microssubmarino na Coreia do Sul, perto do porto de Gangneung.
Em 15 de junho de 1999, houve colisões entre navios das duas Coreias perto da ilha fronteiriça de Yeonpyeong. Cerca de 50 norte-coreanos morreram, e um torpedeiro foi afundado.
– Ambições nucleares –
Desde seu primeiro teste nuclear bem-sucedido em outubro de 2006, a Coreia do Norte está sujeita a sanções internacionais.
Em 2017, Pyongyang aumentou os disparos de mísseis balísticos e, em 3 de setembro, realizou seu sexto teste atômico, o mais poderoso até o momento, em um contexto de escalada verbal entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un.
Kim Jong-un declarou que seu país já era um Estado nuclear.
– Abertura –
Apesar das tensões, os dois países mantiveram diálogos no passado.
O ex-líder norte-coreano Kim Jong-il participou de duas cúpulas históricas com seus colegas no Sul, em 2000 e em 2007, o que apaziguou a situação.
A partir de então, conversas foram organizadas em um nível inferior, o que, na prática, não produziu resultados significativos.
O ano de 2018 foi o do degelo.
Realizados na Coreia do Sul, os Jogos Olímpicos de Inverno (9 a 25 de fevereiro) serviram de pretexto para os dois vizinhos retomarem a comunicação após dois anos de silêncio.
Em 21 de abril, Kim Jong-Un anunciou a suspensão de testes nucleares e testes de mísseis intercontinentais.
Em 27 de abril, os líderes das duas Coreias se comprometem a trabalhar pela desnuclearização e prometem que não haveria guerra na península, em uma cúpula na Zona Desmilitarizada.
Em 12 de junho, Donald Trump se encontrou com Kim Jong-un para uma cúpula histórica em Singapura que levou ao primeiro aperto de mão entre um presidente americano em exercício e um líder norte-coreano.
– Novas tensões –
Uma segunda cúpula entre Trump e Kim Jong-un fracassou em fevereiro de 2019. Em junho, eles se encontraram pela terceira vez.
Em agosto, o Norte considerou as manobras militares conjuntas entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul uma “flagrante violação” dos esforços de paz.
Desde novembro, Pyongyang multiplica os testes de armas, enquanto as negociações sobre o programa nuclear seguem paralisadas.
Em 9 de junho, o Norte cortou seus canais de comunicação com o Sul e, em 16 de junho, explodiu o escritório de relações com o Sul em Kaesong.