“Sessenta Lulas na Câmara”. Assim o PT intitulou o comunicado com o qual informou que todos os seus deputados incorporaram “Lula” a seus sobrenomes parlamentares, em um protesto contra a prisão de seu líder no fim de semana passado.

“Venho através deste solicitar que seja feita a substituição nessa casa do nome parlamentar de Paulo Pimenta para Paulo Lula Pimenta”, segundo o ofício enviado pelo líder do bloco do PT ao presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia, ao qual a AFP teve acesso.

Pedidos similares estão sendo enviados a todos os legislativos que tenham painel eletrônico, incluindo em estados e municípios, explicou um porta-voz do partido nesta quarta-feira.

“É uma forma de se solidarizar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Siva (2003-2010)”, disse, antes de citar que a presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, também se somou à causa.

A partir da mudança, cada vez que os legisladores do PT forem mencionados para um debate ou uma votação deverão ser chamados pelo novo nome, que inclui o do ex-presidente.

A agora senadora Gleisi Lula Hoffmann teve um grande protagonismo durante as quase 48 horas em que Lula se abrigou no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo antes de se entregar à polícia, no sábado passado.

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Ícone da esquerda latino-americana e gestor de programas que permitiram tirar o país do mapa da fome da ONU, o ex-presidente foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por aceitar um tríplex da construtora OAS, envolvida no caso de corrupção revelado pela Operação ‘Lava Jato’ que também trouxe à tona bilionários subornos a políticos.

Sua prisão sacudiu o mundo político. Lula lidera com folga as pesquisas de intenção de voto para as eleições de outubro, embora um eventual terceiro mandato tenha se tornado improvável, já que as leis brasileiras impedem que condenados em segunda instância, como é o seu caso, sejam candidatos.

Além disso, Lula tem outros seis processos em curso.

– A guerra dos clones –

O protesto dos legisladores do maior partido de esquerda da América Latina motivou uma rápida resposta de seus adversários políticos, usando uma tradição do Congresso na qual muitos mudam seus nomes de batismo.

É o caso do deputado José Augusto Rosa, do Partido Republicano, policial militar de profissão, e que é chamado oficialmente de Capitão Augusto, cargo que ocupa na instituição.

Agora o legislador decidiu acrescentar o sobrenome de Jair Bolsonaro, que aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de votos.

Seu novo nome parlamentar ficou Capitão Bolsonaro Augusto, confirmou sua assessoria de imprensa.

Mas a guerra dos clones não se limitou ao nível federal.

O vereador de São Paulo Fernando Holiday (DEM) também recorreu à mudança de nome para demonstrar seu apoio ao trabalho do juiz federal de primeira instância Sérgio Moro, responsável pela prisão de Lula.

“Informo que passarei a usar o nome Fernando Moro Holiday para as atividades parlamentares”, escreveu em sua conta do Twitter.



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