Cinco servidores do Arquivo Nacional (AN), incluindo duas supervisoras de departamentos considerados chave, foram afastados de seus cargos no órgão no último dia de 2021. O afastamento ocorreu poucos dias após os funcionários se reunirem com o diretor-geral da instituição, Ricardo Borda D’Água de Almeida Braga. O objetivo do encontro era alertar a direção do órgão para supostos riscos da proposta de reestruturação administrativa pela qual passa o AN. Um deles seria o possível esvaziamento da instituição.

Dilma Cabral, que era supervisora da equipe do projeto Memória da Administração Pública Brasileira; Cláudia Lacombe, supervisora de Gestão de Documentos Digitais e Não Digitais; e Alex Holanda, supervisor da equipe de Permanência Digital, além de outros dois servidores, foram remanejados para outras funções ou transferidos para outros órgãos. A mudança foi revelada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Estadão.

A reportagem do Estadão pediu esclarecimentos sobre as mudanças à assessoria do Arquivo Nacional, mas não obteve retorno.

Afastamento

A Associação dos Servidores do Arquivo Nacional (Assan), por sua vez, repudiou o afastamento dos servidores e pediu uma audiência com Borda d’água. “No dia 31, duas supervisoras que participaram da reunião foram dispensadas de suas funções comissionadas técnicas, sem nenhum aviso prévio. Junto com elas, mais três pessoas foram remanejadas, sem ter acesso aos processos. Vale lembrar que uma delas foi devolvida para o órgão de origem, o qual a informou da devolução”, diz nota da Assan.

“Esse desmonte impacta diretamente os trabalhos realizados, interrompendo projetos e ações do AN voltadas para a administração pública federal. Infelizmente, o Arquivo Nacional não é o único órgão que está sofrendo com essa política, Anvisa, Funai, Ibama, Incra, Inpe, Funarte, Casa de Rui Barbosa, entre outros, passaram por situações semelhantes”, reforça a associação.