Servidores da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), órgão do Ministério da Saúde, foram acusados de vacinar garimpeiros contra Covid-19 em troca de ouro extraído ilegalmente em Roraima. O documento, assinado pelo vice-presidente da Hutukura Associação Yanomami, Dário Kopenawa, foi divulgado na terça-feira (13) e indica ao menos dois responsáveis pelo esquema. As informações são do G1.

No último dia 8, Kopenawa enviou um ofício ao Ministério Público Federal (MPF) e à Sesai, afirmando que uma técnica em enfermagem, que atuava no pólo base Humuxi, estava trocando as vacinas com os invasores da terra indígena. A mulher também estaria desviando gasolina e um gerador de energia do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y) para os garimpeiros também em troca de ouro.

“É inadmissível que, em meio à insistente piora nos índices de saúde das comunidades indígenas da Terra Indígena Yanomami e em plena pandemia da Covid-19, o órgão responsável pelo atendimento da saúde indígena tenha seus recursos desviados para atendimento de não indígenas que trabalham no garimpo ilegal”, crítica a associação em outro trecho do oficio.

Procurados pelo G1, o MPF e Ministério da Saúde, que responde pela Sesai, não se manifestaram. A Terra Yanomami, considerada a maior reserva indígena do Brasil, fica entre os estados de Roraima e Amazonas.

Mais de 26,7 mil índios – incluindo grupos isolados – habitam a região em cerca de 360 aldeias. A estimativa é que ao menos 20 mil garimpeiros atuam ilegalmente no território. No ofício, a Hutukara questiona sobre que tipo de fiscalização e controle a Sesai e o Dsei-Y têm adotado para impedir que situações como as relatadas ocorram dentro da Terra Yanomami.