Coluna: Coluna do Mazzini

Leandro Mazzini é jornalista graduado na FACHA, no Rio, e pós-graduado em Ciências Políticas pela UnB. Iniciou carreira em 1996 em MG. Foi colunista do Informe JB, da Gazeta Mercantil, dos portais iG e UOL. Apresentou programas na REDEVIDA de Televisão e foi comentarista da Rede Mais/Record Minas. De Brasília, assina a Coluna Esplanada em jornais de capitais e é colunista do portal da Isto É.

Servidores do BC temem intenções de Campos Neto para política monetária

Servidores do BC temem intenções de Campos Neto para política monetária

O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (SINAL) está receoso com os rumos da diretoria de política monetária na instituição.

Em nota publicada nesta sexta (6), os servidores demonstram insatisfação com a ingerência do presidente do BC, Campos Neto – egresso da gestao de Jair Bolsonaro – na potencial indicação de um nome do mercado para o cargo, a despeito da autonomia do banco.

O novo diretor assumirá a partir de fevereiro, quando termina o mandato de Bruno Serra Fernandes. O Sinal vê a decisão como uma desvalorização do corpo funcional do BC e, para o Sindicato, a escolha deixa o órgão cada vez menos autônomo.

Leia abaixo a íntegra nota pública do SINAL:

“Causa preocupação aos servidores do Banco Central a notícia publicada na imprensa de que o presidente do órgão, Roberto Campos Neto, busca no mercado por um novo nome para o cargo de diretor de Política Monetária do órgão a partir de fevereiro, quando terminará o mandato do atual titular, Bruno Serra Fernandes.

O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central entende que a limitação a agentes do mercado para a sucessão na pasta – não apenas pelo flagrante desprestígio ao corpo funcional altamente qualificado do próprio BC – traz consigo uma sinalização negativa. A falta de pluralidade na composição da Diretoria Colegiada da autarquia, com a predominância de um grupo de interesse (o mercado, no caso em tela), se choca com o conceito de órgão autônomo.

De fato, a aprovação da Lei Complementar nº 179/2021, popularmente conhecida como “Autonomia do Banco Central”, foi uma conquista importante para a Autoridade Monetária e um indicativo de maior blindagem a possíveis ingerências políticas. Todavia, ao privilegiar integrantes de um setor específico na composição de sua cúpula, a administração do órgão pode estar lançando fora sua tão propalada autonomia e submetendo-se, mesmo que inconscientemente, a uma linha de pensamento e a grupos de interesse. Não se pode deixar um órgão de Estado fiscalizador nas mãos de representantes de entes fiscalizados. É colocar a raposa para cuidar do galinheiro.

Debates e deliberações dos servidores da instituição nos últimos anos apontaram no sentido de que seria salutar que a Diretoria do BC também fosse integrada por servidores do órgão, por acadêmicos de universidades de renome, com visões distintas do sistema financeiro, pesquisadores e profissionais da indústria e do setor de serviços com amplo conhecimento macroeconômico, dentre outros. Esta seria uma maneira de oxigenar a cúpula do órgão, trazendo novos olhares e perspectivas.”