Com a brecha para a formação de minifrotas na Uber, o consultor de transporte e trânsito Flamínio Fichmann afirma que a tendência é de queda na qualidade do serviço. “A Uber está errando a mão. Essa terceirização sem responsabilidade coloca o serviço em um limbo. O uso de um veículo por um terceiro não deveria acontecer”, afirma.

“O que antes era apontado como benefício, que seriam os motoristas de frota de táxi migrar para a Uber para conseguir financiar veículo próprio, por exemplo, agora pode ser o contrário. Sem limite de carro por motorista, empresários de frota podem migrar para a Uber. Em vez de frotista de táxi, passo a ser frotista de Uber”, diz. “Isso é muito ruim.”

O advogado e professor de Direito do Trabalho da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Paulo Sérgio João compara o sistema de frotas de taxistas com o modelo em construção entre motoristas da Uber. “O que os motoristas do aplicativo estão fazendo tem semelhança com o sistema das antigas frotas de veículo para táxi. Funciona do mesmo jeito, informalmente”, diz. “Nesse caso de frotas que prestam serviço para a Uber, não há dúvidas de que funciona como sistema de locação de veículos.”

Para o engenheiro e mestre em transporte Sérgio Ejzenberg, a Uber só vai se preocupar quando a qualidade do serviço cair e a empresa perder a rentabilidade. “O mercado se autorregula. A Uber tem de se cuidar como qualquer empresa, senão a concorrência vai atropelar. Se começar a virar bagunça, o usuário vai perceber a queda de qualidade”, afirma.

Concorrência

Um dos principais articuladores do modelo de regulamentação proposto pela Prefeitura, o diretor da São Paulo Negócios, Rodrigo Pirajá, diz que a Uber hoje está “nadando de braçada” na capital. “Eles (aplicativos de transporte de passageiros) fazem o que querem. E qual é o problema da demora (em regulamentar)? Eles estão ganhando espaço. É um mercado em expansão”, explica.

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A Uber esclarece, em nota, que o motorista pode cadastrar quantos carros quiser, “desde que atendidos os requisitos e condições estabelecidos”. “É importante lembrar que os carros e os motoristas parceiros cadastrados passam por uma extensa checagem de documentação”, afirma a empresa.

Segundo a Uber, o carro que o motorista parceiro vai cadastrar precisa ter em dia licenciamento, DPVAT e apólice de seguro com cobertura para acidentes pessoais a passageiros a partir de R$ 50 mil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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