Pelo segundo ano seguido a terra do Tio Sam recebeu o desfile da estilista Patrícia Bonaldi, 40 anos. A apresentação virtual por conta da Covid-19 foi no New York Fashion Week (NYFW), em 16 de fevereiro e a marca PatBo foi a única brasileira a participar do evento. A mineirinha de Uberlândia é destaque internacional na moda e aposta na identidade tupiniquim para se posicionar no mercado. “Eu faço uma moda que é global. Eu vendo na Rússia e Londres a mesma moda”, afirma Patrícia. Ela entende que o fato de produzir toda sua coleção em Uberlândia é um dos segredos do sucesso: “O mundo valoriza quem ainda consegue produzir dentro do próprio País”, comenta.

A coleção atual, que estará disponível para vendas a partir de março, foi batizada de “Memórias”. Traz a costumeira qualidade dos tecidos com sofisticação e originalidade. Patrícia se inspirou nos anos de 1970 e fez uma criação que atualiza a atmosfera do western americano com o sertão nordestino. No vídeo aparecem também elementos de cordel. A estilista diz que a mulher elegante é mostrada com “uma dose de inteligência e sensualidade”. A PatBo é ousada e não tem medo de ser feminina.

Nem sempre as coisas foram fáceis, Patrícia vem de família humilde e antes de ser estilista era estudante de direito. Foi até o 4º ano na Universidade Federal de Uberlândia, quando decidiu abandonar o curso e se dedicar exclusivamente à moda. “Foi um divisor de águas na minha vida. Meu feeling era que essa seria a melhor decisão”, lembra a empresária. Ela tinha morado no Japão onde juntou dinheiro para investir na primeira loja. Da primeira loja em 2005 até hoje os sucesso é fantástico: são 10 unidades próprias no Brasil, 250 pontos de vendas – espalhados por 25 países –, além do e-commerce que corresponde a 30% do faturamento. A evolução do faturamento do varejo nos últimos anos – 2016 a 2020 – é incrível: 279%.

Patrícia se divide entre Uberlândia e São Paulo, principalmente. Na cidade natal funciona a fábrica com cerca de 260 funcionários. No escritório em São Paulo estão centralizadas as atividades administrativas da marca que ainda conta com a operação da PatBo em New York, ativa já há quatro anos. A visibilidade por conta da NYFW é gigantesca, atraindo mais público, especialmente em outros países. O sucesso encoraja a empresária a voos mais altos. “Não há como negar a relevância de uma semana de moda mais tradicional. É um posicionamento impagável”, diz. Patrícia conta que a maior ambição é continuar se reinventando: “no mundo da moda isso é o mais difícil”, explica. O planejamento de curto prazo, no entanto, é a abertura de uma loja própria em New York, no máximo em dois anos.