Matheus Soliman e o amigo Fábio de Souza estavam desaparecidos desde o dia 4 de outubro após sofrerem um acidente aéreo. Em entrevista ao Uol, o sertanejo falou sobre os momentos de angústia que passou.

“Foram 24 dias sofridos demais, não tem nem como explicar tudo o que passamos. Foram 24 dias sem comer nada. A gente até procurava, mas não achamos nenhuma fruta na mata. Sobrevivemos só com a água de poças e da chuva”, contou.

Matheus, que pilotava ao avião na ocasião, disse que o aeronave teve uma pane faltando 400 km do destino. Ele estava fazendo um voo teste.

“Eu sou piloto em formação, conheço bem avião e, como estava me saindo bem nas aulas, eles pediram para fazer uma viagem-teste. Tanto é que consegui lidar com a pane e fiz um pouso forçado. Assim que conseguimos sair da aeronave, ela pegou fogo. Eu e meu companheiro estarmos vivos é um milagre”, explica.

Ele contou que eles conseguiram tirar da aeronava uma mochila e algumas garrafas d’água. Ao entrarem na mata, os amigos encontraram um rio e foram seguindo a margem.

“Quando chovia, usávamos folhas como recipiente para conseguir pegar a água da chuva e beber; outros dias, encontramos poças de água da chuva e tomamos daquela água mesmo. Tentávamos fazer um filtro com a camiseta para beber essa água, para não vir a terra e a sujeira para a garganta”, relata Matheus.

“Na mata fechada, você não tem noção de localização e por muitos dias acabamos andando em círculo e nos perdendo muitas vezes. Manter o psicológico era o mais difícil. Muitas vezes pensamos em desistir, chegamos a pensar em suicídio, mas um ia dando forças para o outro e ajudava acalmar a situação”, relata o cantor sertanejo.

“Minha maior força era minha filha, que nasceu no período em que eu estava perdido. Todo dia eu pedi: ‘Deus, deixa eu conhecer a minha filha'”, acrescenta.