Ao tratar da baixa competitividade dos produtos brasileiros no comércio internacional, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, disse nesta segunda-feira, 28, que vê grande espaço para o governo avançar na limpeza de resíduos de impostos que oneram as exportações. Durante debate promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) que tratou da inserção do Brasil no comércio global, Serra citou que – entre tributos, deficiências em infraestrutura e gastos financeiros – o chamado “custo Brasil” consome 30% das mercadorias brasileiras.

O chanceler destacou que a modernização da infraestrutura, por meio de programas de concessões, é um dos caminhos trilhados pelo governo para aliviar esse choque. Em relação a empreendimentos nessa área do governo anterior, criticou o trem bala, um projeto classificado por ele como “maluco” por apenas prever o transporte de passageiros entre Rio e São Paulo.

Em seu discurso, Serra também criticou o protecionismo de economias desenvolvidas, defendeu uma postura mais agressiva do Mercosul nas negociações de acordos comerciais e prometeu uma batalha contra barreiras não tarifárias. Essa, informou, é uma das frentes de atuação do Itamaraty, junto com iniciativas pró-exportação, aprofundamento das relações com grandes economias e a mudança no perfil de inserção do País na América Latina.

De acordo com o ministro, desde 2009, os países do G20 adotaram 1.583 medidas comerciais restritivas. Entre outubro de 2015 e maio de 2016, foram 21 medidas novas por mês, em contraste a 100 medidas de facilitação de comércio entre os países do grupo, afirmou Serra. “Os países desenvolvidos têm mais barreiras técnicas do que os países da América Latina”, frisou. “Procuramos atuar, dentro das possibilidades, contra essas medidas”, acrescentou o chanceler.

Além das barreiras, Serra considerou que o Brasil está com um câmbio estruturalmente sobrevalorizado se comparado a países como Índia ou China. “A Índia e a China poderiam zerar suas tarifas de importação que sua competitividade estaria garantida pelo câmbio.”

Segundo Serra, uma das prioridades do Itamaraty é diversificar as relações de comércio. Nesse ponto, cobrou maior agressividade do Mercosul na abertura de acordos comerciais. Sobre parceiros potenciais, disse que a Índia é um mercado potencialmente extraordinário e considerou que a África, para quem o Brasil tem a oferecer tecnologia e equipamentos agrícolas, não pode ser vista como um competidor. “É uma região econômica com taxa de expansão grande e o Brasil não tem política em relação à África.”

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