O senador José Serra (PSDB-SP) afirmou nesta sexta-feira, 9, que prefere “ignorar” o cenário eleitoral porque ainda há muitas incertezas em jogo. “Não porque tem de ser ignorado, mas porque não dá para colocar tudo no momento”, disse o tucano. “Se alguém disser que está compreendendo alguma coisa, é porque está inteiramente por fora”, destacou, durante teleconferência organizada pela consultoria GO Associados.

Para Serra, existem algumas questões em aberto que ainda precisam ser definidas para que se possa fazer uma análise mais consistente, como a candidatura ou não do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a dinâmica dos partidos políticos, o que envolve a escolha de candidatos e a formação de coligações. O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), por exemplo, que tem se apresentado como pré-candidato à Presidência da República, ainda não deixou o seu partido para se filiar ao PSL, que prometeu a ele que o lançaria na disputa ao Planalto.

O senador paulista também comentou o andamento da reforma da Previdência na Câmara e disse que o governo falhou em enviar uma reforma que, para a sociedade, parece muito abrangente. “Não foram poucas as vezes em que, na rua, eu fui abordado por pessoas claramente modestas em relação ao padrão de vida, já aposentadas, me perguntando se é verdade que a previdência deles iria acabar. Claro que não”, contou o tucano.

Na opinião de Serra, teria sido melhor se o governo tivesse focado em pontos essenciais, como a idade mínima. “O governo ficou com a tentação de colocar tudo, enquanto o melhor teria sido pegar algumas coisas parciais. Há questões mais essenciais que poderiam se juntar à idade mínima e seriam bastante aceitáveis”, disse. Enquanto isso, acrescentou o senador, a oposição tem se aproveitado para fazer o seu papel de “assustar” os cidadãos quanto à proposta.

Na apresentação que fez na teleconferência, Serra apresentou uma agenda para que o País volte a crescer a um ritmo anual de 2,5%. Ele citou uma reforma do papel das agências reguladoras, simplificação tributária, promoção de acordos comerciais, ajustar as taxas de juros internas para algo próximo dos níveis internacionais, combater regimes especiais que não dão retorno econômico, fortalecer o BNDES como agente indutor do investimento, atrair capital produtivo de qualidade e reformar o ICMS acabando com a guerra fiscal.

Nenhuma das propostas citadas, no entanto, será “a salvação da lavoura”, ponderou Serra. Ele lembrou que, depois da crise internacional de 2008, a recuperação da economia levou quatro trimestres para ser concluída e que, dessa vez, como a crise atual é mais longa, a retomada será mais lenta. “Continuamos abaixo do nível pré-crise”, destacou.

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