O ministro das Relações Exteriores, José Serra, afirmou nesta sexta-feira, 10, que o movimento recente de valorização do câmbio não é preocupação neste momento. “Estou fazendo uma avaliação do ponto de vista de comércio exterior. O câmbio está bem do jeito que está. Claro, se sobrevalorizar, o comércio exterior fica menos fluorescente, mas no momento não é problema”, disse, após a participação no 16.º Seminário sobre Comércio Internacional, promovido pelo Instituto Brasileiro de Estudos de Concorrência, Consumo e Comércio Internacional (Ibrac).

Antes, em palestra, Serra havia afirmado que qualquer novo ciclo de sobrevalorização cambial pode prejudicar, novamente, a expansão das exportações e a economia. Perguntado pelos jornalistas se existe taxa de câmbio ideal, ele respondeu que “isso é discussão de economia”.

Indagado, novamente, sobre o movimento recente do dólar ante o real, Serra afirmou que, “se aprova um projeto de lei, sobe confiança”. “Deve aumentar venda de dólar, coisas desse tipo de flutuações.” Na última questão, repetida, disse que não comentaria mais, porque “aí vira casca de banana”.

Na palestra, o ministro das Relações Exteriores afirmou que a China é prioridade para o Brasil, até porque o maior parceiro comercial do País hoje é o mercado chinês e que é preciso saber melhor o que se quer no âmbito comercial. “Temos de homogeneizar e dar mais consistência às nossas negociações”, disse.

Sobre a posição que o Brasil tomará no reconhecimento da China como economia de mercado, Serra declarou que o tema é avaliado e também o País acompanha o que outras nações farão. “Precisamos pensar que, com China reconhecida, o antidumping vai perder vigência. Este é um problema que teremos sem dúvida nenhuma”, falou.

A repórteres, Serra explicou que, se tivesse uma decisão, “não falaria”, mas que os setores que podem vir a ser afetados já pensam no assunto e que é uma questão internacional. À imprensa, ainda admitiu que o governo tem intenção de renovar o acordo automobilístico com a Argentina.

Entretanto, Serra afirmou achar ineficiente mudar as regras agora, embora queira estender mais o prazo de vigência do acordo. “Eles têm razão num ponto quando se vê a diferença entre o que o Brasil exporta e o que a Argentina exporta. Mas isso é uma questão da macroeconomia brasileira e não de política econômica”, disse.

Serra ainda disse que deve ir ao Uruguai em algum momento como parte da agenda como chanceler.