VATICANO, 6 JUN (ANSA) – Desde que o papa Leão XIV foi eleito o 267º líder da Igreja Católica, no último dia 8 de maio, diversos vídeos e áudios de Robert Prevost gerados por Inteligência Artificial (IA) inundaram as plataformas de vídeos Youtube e TikTok.
As centenas de sermões e discursos falsos, em inglês e espanhol, ressaltam mais uma vez como é fácil gerar esse conteúdo e como é difícil para as plataformas controlá-lo.
“Há um interesse natural no que o novo Papa tem a dizer e as pessoas ainda não conhecem sua posição e seu estilo”, declarou Oren Etzioni, professor emérito da Universidade de Washington, fundador da TrueMedia.org, uma organização sem fins lucrativos comprometida com o combate aos deepfakes.
Segundo o especialista, esta é “uma oportunidade perfeita para semear problemas com a desinformação gerada por IA”.
Depois que a AFP mostrou ao YouTube 26 canais que publicavam, em sua maioria, conteúdo gerado por IA sobre o novo Pontífice, a plataforma desativou 16 por violar suas políticas contra spam, práticas enganosas e golpes, e outro por violar os termos de serviço do YouTube.
Da mesma forma, o TikTok removeu 11 contas denunciadas – com mais de 1,3 milhão de seguidores no total – citando as políticas da plataforma contra falsificação de identidade, desinformação prejudicial e conteúdo enganoso gerado por IA sobre figuras públicas. O conteúdo, porém, foi visualizado por milhões de pessoas antes de ser excluído.
Logo após ser eleito Leão XIV, o novo Papa se reuniu com jornalistas do mundo inteiro e chegou a fazer um alerta diante do “imenso potencial” da inteligência artificial. Na ocasião, ele defendeu que é preciso ter “responsabilidade e discernimento para orientar as ferramentas para o bem de todos, para que possam produzir benefícios para a humanidade”.
Além disso, Prevost chegou a apontar a IA como um dos principais desafios do mundo hoje, ao explicar porque escolheu o nome Leão XIV para seu pontificado. “Em nossos dias, a Igreja oferece a todos o tesouro de seu ensino social em resposta a outra revolução industrial e aos desenvolvimentos no campo da inteligência artificial, que colocam novos desafios para a defesa da dignidade humana, justiça e trabalho”, destacou.
Por fim, Leão XIV explicou ainda que o avanço da IA eleva o risco de transformar as relações entre humanos em algoritmos.
(ANSA).