Os Nove do Mangrove, do diretor britânico Steve McQueen, narra uma história verídica da comunidade negra em Londres para se afirmar diante do racismo e da intolerância, bem como da perseguição policial que sofria. Vive-se os anos rebeldes da década de 1960 e tudo se passa em torno do Mangrove, restaurante aberto por um empreendedor negro, alvo frequente de invasões policiais, a ponto de inviabilizar o negócio.

À frente do restaurante situado em Notting Hill está Frank Crichlow (Shaun Parkes), líder dessa animada comunidade pouco disposta a entregar os pontos diante da intolerância.

Organizam uma manifestação de protesto e o caso vai parar no tribunal, com nove deles acusados de provocar distúrbios e violência. São nove pessoas negras, enfrentando uma lei de brancos. Apenas um dos membros do corpo de jurados é negro. O juiz é branco, brancos são os advogados e os promotores. Mesmo assim, eles vão à luta. Defendem suas ideias, seus direitos, sua liberdade. E até mesmo o direito à alegria, que parece em particular ferir os brios moralistas do destacamento policial de Notting Hill. O caso é exemplar sobre a luta de resistência de comunidades oprimidas.

Em termos de cinema, o filme é intenso, bem interpretado e cheio de ritmo. Não se poderia esperar menos de Steve McQueen, cineasta conhecido, experiente e de boa mão. É dele o ótimo Shame (Vergonha), que participou de festivais importantes como o de Veneza, sobre um executivo (Michael Fassbender) viciado em sexo. É também vencedor do Oscar com 12 Anos de Escravidão.

A série Small Axe é composta de cinco longas-metragens com histórias da comunidade das Índias Ocidentais (Caribe) em Londres. Além de Os Nove de Mangrove, o Globoplay já disponibilizou também o segundo, Rock Lovers. Os três próximos virão na sequência.

Lovers Rock é uma bela experiência cinematográfica, bem diferente, em termos de estética, de Os Nove de Mangrove. Este é um filme mais narrativo, no sentido convencional, no qual os personagens agem e falam muito. Já Lovers Rock inclina-se para um cinema de pegada sensorial, com poucos, quase inexistentes diálogos.

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Mesmo assim, o filme “fala” muito e diz tudo o que pretende, servindo-se quase unicamente de imagens.

O título – Lovers Rock – refere ao gênero reggae romântico, ritmo que não tinha muita popularidade nas discotecas brancas, mas fazia sucesso na comunidade negra. A história se passa na década de 1980 e trata simplesmente de um amor entre um rapaz e uma moça. No entanto, o que seria apenas um caso de pulsão jovem é visto como indesejável expressão de pessoas diferentes – e que portanto deveria ser reprimida em nome “da moral e dos bons costumes”. Antes de tudo, Lovers Rock é um belo e tocante exercício cinematográfico. Os outros episódios são Red, White and Blue, Alex Wheatle e Education.

John Boyega (Star Wars: A Ascensão Skywalker) ganhou o Globo de Ouro de coadjuvante por sua atuação em Red, White and Blue. Conta a história verídica de Leroy Logan, um cientista que muda de rumo ao presenciar seu pai ser agredido por dois policiais racistas.

Alex Wheatle acompanha a história também verdadeira do escritor (vivido por Sheyi Cole), a partir do início da sua vida adulta. Após passar a infância num orfanato, Wheatle encontra sua identidade pessoal em Brixton, onde se apaixona pela música e torna-se DJ.

Education narra mais um caso de manifesta intolerância racial ao narrar a história do garoto fascinado por astronomia e foguetes que se vê mandado para uma escola de “alunos especiais” por, alegadamente, ter má conduta em sala de aula. Os pais, sobrecarregados pelo acúmulo de empregos, não têm tempo para acompanhar o crescimento e os problemas da criança. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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