SÃO PAULO, 24 ABR (ANSA) – SEGUE – Convite do governo: Durante sua fala, o ex-juiz federal relatou como aconteceu o convite para integrar o governo.   

“No final de 2018, eu recebi o convite de Jair Bolsonaro e fui convidado a ser ministro da Justiça e da Segurança Pública.   

Conversamos que teríamos o compromisso do combate à corrupção, ao crime organizado, e foi me prometido carta branca para nomear todos os assessores, inclusive desses órgãos, como a Polícia Federal”, destacou.   

Moro negou que tenha aceitado o cargo para conseguir uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) e disse que tinha uma única condição que, como estava abandonando 22 anos de magistratura, queria que “se algo me acontecesse, pedi que a minha família recebesse uma pensão caso eu viesse a faltar”.   

Entre o fim desse ano e o ano que vem, duas vagas serão abertas no STF por conta da aposentadoria compulsória por idade. Celso de Mello, que completa 75 anos em novembro de 2020, e Marco Aurélio Mello, que faz aniversário em julho de 2021, deixarão suas cadeiras.   

“O presidente se comprometeu com todos os compromissos e falou até publicamente que me daria carta branca. Eu tinha expertise por trabalhar com polícia, aceitei para fazer com que as coisas evoluíssem. Na época, acho que isso foi muito bem acolhido pela sociedade”, disse ressaltando que entende as críticas que recebeu por trocar o Judiciário pelo campo político.   

Moro ainda falou sobre seus feitos à frente da pasta, como o combate ao crime organizado, a prisão do maior traficante da América Latina, foragido há 20 anos, e das apreensões recordes de drogas no país. Também falou do projeto de lei para combater a corrupção que propôs no início de sua atuação.   

Ainda destacou que o Ministério da Justiça, nesse momento, está focado na ajuda ao combate à pandemia de Covid-19.   

– Saída de Moro: Os rumores de que Moro deixaria o governo começaram a circular na tarde desta quinta-feira (23) na imprensa brasileira por conta da decisão de Bolsonaro de demitir o chefe da PF, em decisão com a qual o juiz da Lava Jato não concordava.   

Ainda conforme os meios de comunicação, os militares tentaram ajudar em um acordo para que Moro indicasse um novo nome com o qual o presidente concordasse. No entanto, por conta da postura do mandatário de não ceder, não foi possível chegar a uma decisão conjunta.   

Além disso, o juiz foi surpreendido com o anúncio da exoneração de Valeixo, ainda mais pela decisão conter um “a pedido”. Isso indicaria que o diretor-geral teria pedido para sair do cargo, algo que não ocorreu de acordo com fontes do Planalto.   

Segundo as informações da mídia, a demissão de Valeixo tem a ver com as recentes investigações da Polícia Federal no entorno da família Bolsonaro, especialmente, contra seus filhos.   

– Lava Jato e Governo Bolsonaro: Moro ficou nacionalmente conhecido por conduzir os julgamentos no esquema de corrupção descoberto pela Operação Lava Jato. Com a fama de “herói” para muitos brasileiros e de “vilão” para outros, Bolsonaro viu no juiz a possibilidade de escolher alguém com muito prestígio entre seus eleitores para o Ministério da Justiça.   

No entanto, desde o fim do ano passado, a relação entre ministro e presidente começou a se deteriorar, com críticas veladas de Bolsonaro, que chegou a citar que “alguns ministros” tinham “virado estrelas”.   

Entre as últimas desavenças, que ficaram aparentes, está a gestão da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), em que Moro se posicionou de maneira favorável ao ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta – demitido na última semana.   

Com isso, em duas semanas, o governo de Bolsonaro perde dois dos políticos que mais tinham prestígio e admiração entre a população. (ANSA)