O juiz Sérgio Moro, futuro ministro da Justiça, admitiu nesta terça-feira (6) que tem “divergências” com o presidente eleito, Jair Bolsonaro, em temas como flexibilização do porte de armas e caracterização dos movimentos sociais como “terroristas”.

Em sua primeira entrevista coletiva desde que aceitou o cargo, Moro anunciou que pretende “utilizar o modelo” da Operação “Lava Jato” para combater o crime organizado.

“Vejo com absoluta naturalidade (…) algumas divergências razoáveis” com Bolsonaro, com quem o juiz manteve uma conversa “bastante produtiva”.

“É possível que cheguemos a um meio termo. Sou uma pessoa disposta a ouvir e eventualmente mudar os meus posicionamentos, sabendo que estou numa posição de subordinado”, destacou Moro.

Sobre a questão do porte e da posse de armas, Moro disse que tem “preocupação de que uma flexibilização excessiva possa ser, muitas vezes, utilizada como uma fonte de armamento para organizações criminosas”.

“A questão vai ser discutida, a forma como isso vai ser realizado”, acrescentou.

Moro também divergiu sobre a ideia de Bolsonaro de tipificar como atos “terroristas” as invasões de propriedades, uma arma de luta tradicional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

“As pessoas têm liberdade de manifestação e expressão, e não é diferente com movimentos sociais. Quando [as manifestações] envolvem lesão de direitos de terceiros, não se pode tratar os movimentos como inimputáveis, mas qualificá-los como organizações terroristas não é consistente”, concluiu.