‘Será um longo conclave’, afirma cardeal alemão

BERLIM, 23 ABR (ANSA) – Por Rosanna Pugliese – O arcebispo de Colônia, Rainer Maria Woelki, está se preparando para um “conclave mais longo” do que o da última vez. Em entrevista à ANSA, concedida na véspera de sua partida para Roma, o religioso garantiu que “não haverá uma falange alemã”.   

Os três cardeais chamados pela Alemanha para votar no futuro líder da Igreja Católica responderão individualmente à sua própria consciência.   

“Ele era um homem de fé e próximo do povo. Ele tornou Jesus tangível em todas as suas facetas. Ele também era próximo dos pobres, dos migrantes, além de ser comprometido com a vida, com a paz e contra a guerra”, afirmou Woelki.   

Na Alemanha, ainda há pessoas que acusam Francisco de não ter concluído sua missão de reforma. Levando isso em consideração, Woelki avaliou: “É sempre difícil dizer ‘mais poderia ter sido feito’. O homem é sempre incompleto. A plenitude está somente em Deus. Se nem tudo foi realizado, cabe a nós seguir em frente”.   

“Só participei de um conclave, o último. E isso foi realizado sob uma estrela completamente diferente por causa da renúncia do Papa Bento XVI. Houve um certo lapso de tempo entre sua renúncia e posse e teve mais quatro dias em que nenhuma assembleia geral foi realizada. Bento estava vivo, Francisco agora está morto.   

Acho que tudo vai acontecer com uma certa frenesia. Estou me preparando para um conclave mais longo, ou pelo menos um pré-conclave mais longo”, disse o alemão.   

“Os cardeais precisarão primeiro de tempo para se conhecerem.   

É importante que todos tenham a oportunidade de contribuir, de deixar claro como a situação da Igreja é vista nos diferentes continentes, quais os desafios existentes e quais os requisitos que o novo Papa deve cumprir. Acredito também que em uma sociedade controversa, as formas de ver as controvérsias também são projetadas. Em outros continentes a situação é diferente da nossa, na Europa. Será crucial reconhecer, sob a orientação do Espírito Santo, o candidato que Deus identificou para realizar esta tarefa. Um Papa que tem um coração para as pessoas, um homem de fé, um homem da Igreja. Que ele oriente e cuide dos fundamentos da unidade da Igreja”, acrescentou.   

Woelki declarou que o conclave “sempre é difícil”, pois o processo envolve a escolha do próximo “sucessor de São Pedro”.   

“Não se trata do que eu quero ou do que um único cardeal quer. Não se trata de política eclesiástica ou pessoal, nem de fazer prevalecer uma corrente, seja ela conservadora ou progressista. Nem estabelecer que um conservador é em si um mau Papa ou que se um progressista chegar, ele será considerado mau pelos outros e levará ao caos. Deve ser identificado aquele que quer Cristo”, avaliou.   

Já sobre o perfil do próximo Papa, o religioso alemão mencionou que o sucessor de Francisco “deve ser quem exalar mais o perfume de Jesus”, além de destacar que é “a favor das reformas que vêm do Evangelho”. (ANSA).