Por Dawn Chmielewski e Svea Herbst-Bayliss

(Reuters) – O bilionário Daniel Loeb teve seus desejos atendidos na primeira vez que começou a pressionar por mudanças na Walt Disney. Seu fundo de hedge Third Point pediu à empresa, em 2020, que suspendesse dividendos e entrasse em streaming.

Agora, após um breve hiato, Loeb está de volta e investindo 1 bilhão de dólares na Disney, encorajado por tomar a decisão certa no streaming. Ele quer que a Disney se desvincule da ESPN, argumentando que isso dará à marca esportiva maior flexibilidade na busca de oportunidades como apostas – um passo que a Disney já está explorando.

Além da ESPN, Loeb disse ao presidente-executivo da Disney, Bob Chapek, que a companhia deve acelerar o cronograma para adquirir a participação minoritária da Comcast no Hulu, o serviço de streaming que a Disney controla.

As ideias de Loeb estão recebendo uma recepção modesta de executivos seniores de entretenimento e alguns analistas, que dizem que essas mudanças esgotariam a receita da Disney no momento em que a empresa tem perdido dinheiro em streaming.

A companhia considerou a cisão da ESPN no ano passado, mas descartou a ideia. O serviço de streaming da rede de esportes, ESPN+, tornou-se uma peça central da coleção da Disney.

Para o presidente-executivo Chapek, os esportes ao vivo na TV e na ESPN+ impulsionaram o trimestre da Disney, com o lucro operacional saltando 50%. A ESPN relatou um aumento recente de espectadores atraídos para playoffs de futebol universitário, NBA e NHL Stanley Cup, embora o número de assinantes tenha caído para 74 milhões, bem abaixo do pico de 100 milhões em 2011.

Chapek garantiu aos investidores numa recente chamada de resultados que a empresa está explorando apostas esportivas, dizendo que fãs de esportes com menos de 30 anos precisam disso.

O Barclays prevê que as redes de esportes da Disney podem gerar até 12,4 bilhões de dólares em receita e 3,9 bilhões em receita operacional neste ano fiscal.

O analista da MoffettNathanson, Michael Nathanson, escreveu que uma cisão seria financeiramente perigosa para a Disney, dada a importância do fluxo de caixa que fornece por meio de taxas de TV a cabo e publicidade.

Há pouco apetite por uma empresa de mídia cujos negócios com caros acordos de direitos esportivos e receitas vinculadas ao negócio de TV a cabo estejam em declínio, acrescentou Nathanson, dizendo que a Fox é a comparação mais próxima. A empresa é negociada a cerca de cinco vezes seu valor empresarial, contra o múltiplo de 14 vezes da Disney.

“Parece haver pouco interesse dos investidores por um ativo altamente alavancado com a maior parte do fluxo de caixa vinculado a redes de cabo domésticas lineares”, escreveu Nathanson. “Dada a pesada base de custos fixos dos direitos esportivos da ESPN, pensamos que a aversão do mercado a essa ideia seria semelhante (ou pior) à reação da fusão (Warner Bros Discovery)”.