Separatistas saarauís da Frente Polisário dizem ‘romper’ com governo espanhol

Separatistas saarauís da Frente Polisário dizem 'romper' com governo espanhol

Os separatistas saarauís da Frente Polisário anunciaram, no domingo (10), que irão “romper” qualquer contato com o governo espanhol de Pedro Sánchez, após o aceno de Madri a favor da posição marroquina sobre o Saara Ocidental.

“A Frente Polisário decide romper os seus contatos com o atual governo espanhol (…) no quadro do infeliz marketing com o ocupante (marroquino, ndr)”, escreveu a Polisário em um comunicado.

Esta ruptura continuará até que o governo espanhol “se conforme com as decisões da legalidade internacional, que reconhece o direito do povo saarauí à autodeterminação e ao respeito pelas fronteiras internacionalmente reconhecidas do seu país”.

O governo espanhol decidiu recentemente mudar a sua posição sobre o Saara Ocidental, uma colônia espanhola até 1975 e disputada entre Rabat e a Polisário saaraui pró-independência.

Sánchez, até agora neutro sobre o caso, reconheceu em 18 de março a iniciativa marroquina pela autonomia do território, apresentada em 2007, como “a base mais séria, realista e credível para a resolução desta disputa”

Esta decisão foi criticada por toda a oposição na Espanha, mas também pela Argélia, principal apoiador da Polisário. O governo espanhol garante que não mudou de posição, mas deu “um passo adicional” para contribuir na resolução do conflito entre Marrocos e a Polisário.

Os separatistas justificaram a ruptura com Madri apoiando-se no “princípio de que o Estado espanhol tem responsabilidades perante o povo saaraui e perante as Nações Unidas, como poder administrativo do território” e que tais responsabilidades são “inderrogáveis”.

Para Madri, o principal objetivo do restabelecimento das relações com Rabat é garantir a sua “cooperação” no controle da imigração ilegal. O Marrocos, de onde parte a maioria dos imigrantes ilegais para a Espanha, tem sido frequentemente acusado de usar os refugiados de maneira chantageadora.

O Marrocos controla cerca de 80% do Saara Ocidental, um território desértico localizado na costa atlântica, rico em fosfatos e águas com pesca abundante.

Considera que o Saara Ocidental –suas “províncias do sul”- foram historicamente parte de seu território antes de ser colonizado pela Espanha e que sua essência marroquina não pode ser objeto de “nenhuma negociação”.

Rabat propõe um plano de autonomia, mas apenas no âmbito da sua soberania e “unidade nacional”.

Por seu lado, a Polisário reivindica a um referendo de autodeterminação, endossado pela ONU durante a assinatura de um cessar-fogo em 1991, mas que nunca se concretizou.