Sensação de Roland Garros, Lois Boisson vive ‘conto de fadas’ no torneio; conheça

Tenista francesa de 22 anos está na semifinal do Grand Slam disputado em Paris

REUTERS/Lisi Niesner
Lois Boisson durante as quartas de final de Roland Garros Foto: REUTERS/Lisi Niesner

Lois Boisson protagoniza a história mais incrível desta edição de Roland Garros. A tenista francesa vive um “conto de fadas” em Paris por derrubar favoritas e alcançar a semifinal do torneio mesmo ocupando a distante 361ª posição no ranking mundial. Até estrear numa chave principal de Roland Garros, na semana passada, ela tinha apenas uma vitória em nível WTA.

Aos 22 anos, a filha de um ex-jogador profissional de basquete já sofreu uma grave lesão no joelho e viveu uma inesperada polêmica um mês antes de jogar no Grand Slam francês, quando foi acusada de “mau cheiro” por uma adversária.

Apesar de estar vivendo um momento único e inesperado na carreira, Boisson já era considerada uma das maiores promessas do tênis francês dos últimos anos e tinha tudo para fazer sua estreia em torneios de Grand Slam na temporada passada, justamente em Roland Garros. O plano, contudo, veio abaixo quando ela sofreu uma grave lesão no joelho esquerdo uma semana antes da estreia em Paris.

Uma ruptura do ligamento cruzado anterior freou a ascensão da jovem francesa. Ela precisou ser operada e se afastou das quadras por nove meses. Na ocasião, era a 152ª do mundo e disputaria o qualifying, a fase preliminar, com favoritismo para entrar na chave principal. Longe dos torneios, ela despencou no ranking e precisou de um convite para jogar neste ano em Paris. Agora, quer seguir fazendo história em Roland Garros e terá mais uma chance nesta quinta-feira, 05, ao encarar a americana Coco Gauff na semifinal do torneio.

Polêmica do desodorante

A nova sensação do tênis francês virou notícia antes de brilhar em Roland Garros. Há cerca de um mês e meio, um vídeo envolvendo Boisson viralizou nas redes sociais. Ela foi criticada pela adversária britânica Harriet Dart durante partida no WTA 250 de Rouen, na França, no evento em que a francesa voltava ao circuito após meses de recuperação pós-cirurgia.

No vídeo, Dart faz uma crítica inesperada à rival para a juíza da partida. “Você pode dizer a ela para usar desodorante?”, questionou a britânica. “Por causa do cheiro. Você pode dizer a ela para usar desodorante? Ela está cheirando muito mal.”

A situação causou constrangimento até para a árbitra de cadeira, a argentina Yamila Halle, aparentemente sem reação diante da reclamação incomum. Boisson, que venceu por 6/0 e 6/3, não respondeu à rival durante a partida. Mas devolveu a provocação em um post bem-humorado nas redes sociais.

Em sua conta no Instagram, a francesa publicou uma montagem simples em que um tubo de desodorante Dove aparece sobre sua mão numa foto sua em quadra, no mesmo torneio. “Aparentemente precisamos de uma collab”, escreveu Boisson ao citar o arroba da marca de desodorante, que repostou a imagem no mesmo tom: “Cheira a confiança”.

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Filha de jogador de basquete e começo da carreira

A história de Boisson conta com o esporte no DNA. Seu pai, Yann Boisson, foi jogador profissional de basquete nas décadas de 80 e 90. Ele defendeu clubes nacionais como Basket CRO Lyon e ASVEL Lyon-Villeurbanne.

Após encerrar sua carreira de atleta, ele atuou como dirigente esportivo. Foi gerente-geral do Jeanne d’Arc Dijon Basket e se tornou diretor do AS Monaco em 2014.

Nascida na cidade de Dijon, a filha do ex-jogador de basquete iniciou sua trajetória no tênis no Clube de Ténis de Beaulieu e deu sequência ao seu desenvolvimento no esporte na All In Tennis Academy, fundada pelo ex-tenista Jo-Wilfried Tsonga em Lyon. O francês chegou a ser número cinco do mundo na década passada.

Trajetória e conquistas alcançadas

O convite para a entrada direta na chave principal se mostrou uma das escolhas mais acertadas da organização de Roland Garros. Boisson não sentiu a pressão de estrear logo diante da torcida francesa em Grand Slams e soma cinco vitórias, três delas sobre cabeças de chave. As últimas duas aconteceram sobre rivais do Top 10 do ranking: a americana Jessica Pegula e a russa Mirra Andreeva, atuais número três e seis do mundo, respectivamente.

Até sua estreia em Roland Garros, Boisson nunca tinha sequer enfrentado uma adversária do Top 50. O triunfo sobre Andreeva, na última quarta-feira, 04, fez a francesa alcançar diversos feitos. Ela se tornou apenas a terceira tenista a chegar à semifinal logo em sua estreia em Majors desde 1980. Antes dela, obtiveram esse feito as americanas Monica Seles, em 1989, e Jennifer Capriati, em 1990.

Boisson também se tornou a mais jovem francesa semifinalista em todos os Grand Slams desde 1999 (a última foi Amelie Mauresmo, campeã em Wimbledon em 1999 e atual diretora de Roland Garros) e a primeira local nesta fase do torneio francês desde 2011 – a última foi Marion Bartoli.

A sensação de Roland Garros iniciou sua campanha em Paris como a 24ª melhor francesa do ranking. E deixará o torneio como a número 1 do país europeu. Outro número que mostra a surpreendente ascensão da francesa no segundo Grand Slam do ano vai aparecer em sua conta bancária. Até a estreia em Paris, ela tinha apenas 148 mil euros (cerca de R$ 954 mil) em premiação. Somente na competição francesa ela vai embolsar, até agora, 690 mil euros (R$ 4,4 milhões).