As imagens abomináveis de crianças e bebês aos prantos atrás de cercas de arames, gaiolas e depósitos, largadas à própria sorte, gritando pelos pais, recebendo reprimendas de policiais, chocaram o planeta e ecoaram como uma das atitudes mais vergonhosas levadas a cabo pelos EUA. Jornalistas americanos choraram ao vivo na TV ao noticiarem os episódios. O Papa apelou para cessar a prática desumana. Aliados republicanos protestaram e mesmo Melania Trump, mulher do presidente americano que teve a deplorável ideia de separar pais e filhos imigrantes ilegais, rogou pelo fim da política, batizada de tolerância zero. Trump extrapolou os limites da decência. Cruzou perigosamente a fronteira que separa civilidade de barbárie e flertou de maneira aberta com o nazi-fascismo dos tempos repugnantes de Hitler e Mussolini. Repulsivo, desumano, intolerável, o show de crueldade do senhor Trump chegou ao ponto do xingamento aberto aos forasteiros. Ele batizou de “infestação” – como a comparar pessoas a insetos – o que considera um desembarque em massa de imigrantes nos EUA e pressionou o Congresso por mais recursos para erguer o famigerado muro e a favor de medidas ainda mais restritivas como a deportação pura e simples de hordas de estrangeiros. Quem ouviu as gravações dos choros inconsoláveis não conteve a indignação. O plano de manter famílias confinadas em campos de custódia é, para dizer o mínimo, imoral. Mas vai além de meras intenções a teoria da supremacia branca americana, da raça pura, que parece encantar a mente troglodita de Trump. Ele faz pouco caso da vida alheia. Inspira a escória de ditadores perversos e autoritários. Passou a adotar um modelo muito peculiar de apartheid social, violando claramente valores humanitários universais. Na semana passada, em mais um golpe de indiferença pelo que ocorre no resto do mundo, determinou que os EUA se retirassem do Conselho de Direitos Humanos da ONU. No atual contexto de suas ações condenáveis faz todo o sentido. Ao menos duas mil crianças (49 delas brasileiras), boa parte com menos de cinco anos de idade, foram desgarradas da atenção materna nos últimos meses, jogadas atrás das grades, por deliberação do próprio presidente. Ficaram sob a tutela de guardas que vigiam e reclamam a toda hora dos pequenos indefesos, enquanto esses só choram e lamentam a falta do convívio familiar. Psicólogos alertam para os danos psíquicos devido à separação. Apontam que o trauma trará problemas incalculáveis e, na maioria dos casos, irreparáveis. Em um dos mais recentes episódios envolvendo brasileiros, uma avó foi separada do neto autista, que necessita de cuidados especiais, após os dois entrarem sem visto em solo americano. Várias nações inconformadas com algo tão abjeto reclamaram formalmente, enquanto Trump seguiu inclemente aos apelos. Com alegações falsas e tom agressivo, Trump teve a ousadia de convocar uma coletiva para tripudiar do destino dado a quem ousasse afrontar suas regras: “eles vêm aqui dizendo que estão sofrendo em seu país, blá-blá-blá e nunca mais saem”. A reação foi imediata em um país predominantemente construído por imigrantes. Uma quase rebelião de senadores entornou o caldo. Assessores do presidente foram hostilizados por onde passavam nas ruas. Uma pesquisa mostrou que 66% dos americanos ficaram contra Trump e ele teve que finalmente recuar. Capitulou, cancelando de maneira temporária a segregação, mas foi para cima dos parlamentares exigindo contrapartidas à “concessão”. Seu intuito de varrer do território os ilegais, mesmo diante do drama global que vem provocando hordas de migração para todos os lados, está só no início. O mal que esse senhor vem construindo para a humanidade é um passaporte seguro para colocá-lo no clube dos mais odiados da história.

Crédito – Handout


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