O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) ajudou a ofertar mais de 840 mil testes de detecção do novo coronavírus desde o início da pandemia no Brasil. Em parceria com o Serviço Social da Indústria (SESI), a instituição investiu R$ 63,6 milhões para montar em sua estrutura a Rede SENAI de Biologia Molecular, que realiza testes do tipo PCR, e para apoio a empresas que realizam testes sorológicos rápidos portáteis, assim como a produtores de insumos locais.As iniciativas têm potencial de produzir mais de 10 milhões de diagnósticos até dezembro deste ano.

“A falta de testes é um dos maiores gargalos no combate à pandemia de Covid-19 no Brasilque a rede de inovação e tecnologia do SENAI busca ajudar a superar”, explica o diretor-geral da instituição, Rafael Lucchesi. “Além de permitir o controle efetivo da doença, o diagnóstico assertivo é caminho para o retorno da indústria ao trabalho com a proteção necessária de seus trabalhadores”, complementa.

Um dos projetos de testes rápidos, que detectam a presença de anticorpos produzidos pelo corpo no contato com o vírus, é desenvolvido com a empresa Hi Technologies. O Instituto SENAI de Inovação em Eletroquímica, localizado em Curitiba, no Paraná, realiza pesquisas e ajuda a maximizar a capacidade produtiva da empresa. Desde meados de abril, foram produzidos mais de 828 mil testes, dos quais 560 mil foram requisitados pelo SESI para diagnóstico de trabalhadores da indústria de 21 estados e do Distrito Federal.

O diretor do Instituto SENAI de Inovação em Eletroquímica, Filipe Cassapo, explica que o Hilab vai ajudar gestores de empresas a lidar com a Covid-19 e na construção de uma base de dados que permitirá entender a evolução da doença. “É uma tecnologia de diagnóstico rápido, na presença de anticorpos, que manifestam a doença Covid-19 e, ao mesmo tempo, uma tecnologia que utiliza a transformação digital para, com acesso a nuvem e inteligência artificial, permitir obter resultados de diagnósticos disponíveis no seu telefone celular, apenas 15 minutos após a aplicação do diagnóstico, ainda constituindo uma base de dados fundamental para permitir compreender a evolução da doença sob uma ótica epidemiológica”, diz ele. O projeto foi selecionado na categoria Missão contra da Covid-19 do Edital de Inovação para a Indústria, que tem o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

A rede de Institutos SENAI de Inovação também trabalha para nacionalizar os insumos utilizados na testagem. As empresas CTG Brasil, uma das líderes em geração de energia limpa no país, utilizando recursos do programa de P&D Aneel, e AdvagenBiotech, da área de biotecnologia, buscam desenvolver o primeiro teste sorológico rápido 100% nacional em parceria com o Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras, localizado no Rio de Janeiro. O projeto conta com a participação do Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e de Bio-Manguinhos-Fiocruz.

O Instituto SENAI de Inovação em Química Verde, no Rio de Janeiro, participa ainda de pesquisa proposta pela empresa SciencoBiotechque busca formas alternativas de detecção do vírus. O objetivo é encontrar pelo menos uma formulação, dentre algumas rotas possíveis,que sinalize a presença do Covid-19 com o melhor custo-benefício quando aplicada de forma escalonada. Além de testar pessoas de forma tradicional, a ideia é que a formulação possa ser usada em formatos alternativos, como em bafômetros, e até mesmo em produtos destinados a prevenir o contágio, como um spray a ser usado em superfícies compartilhadas (portas, maçanetas, mesas, janelas, cadeiras, etc).

Entre os recursos investidos, R$ 28 milhões foram aplicados na adaptação,  otimização e operação inicial de nove laboratórios de biotecnologia do SENAI certificados com nível de biossegurança adequada para o processamento do diagnóstico molecular do SARS-COV-2. Os laboratórios localizados na Bahia e no Rio de Janeiro, por exemplo, já ofertaram conjuntamente mais de 12 mil testes “padrão ouro” recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo qual é possível identificar a presença do coronavírus em amostras coletadas em Swab de material oral (garganta) ou nasal.

A rede de inovação e tecnologia do SENAI possui 87 institutos distribuídos pelas cinco regiões do país. Desde que os 27 Institutos SENAI de Inovação foram criados, em 2012, mais de R$ 1 bilhão foram aplicados em 1.086 projetos concluídos ou em execução. A estrutura conta com mais de 700 pesquisadores, sendo que cerca de 44% possuem mestrado ou doutorado. Atualmente, 15 centros são unidades Embrapii, e têm verba diferenciada para financiamento de projetos estratégicos de pesquisa e inovação. Já a estrutura de 60 Institutos SENAI de  Tecnologia possui corpo técnico de cerca de 1.200 especialistas e consultores que prestam serviços buscando melhorar a qualidade de produtos e serviços, a produtividade e a competitividade dos negócios.