Senador dos EUA exige que Opas explique contratos com médicos cubanos

Senador dos EUA exige que Opas explique contratos com médicos cubanos

Um influente senador dos Estados Unidos exigiu nesta quarta-feira (16) que a Organização Pan-americana da Saúde (Opas) explique seu papel na contratação de médicos cubanos através do programa “Mais Médicos” no Brasil, que descreveu como um sistema de “escravidão moderna”.

O democrata Bob Menéndez, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado e o latino de mais alto nível no Congresso americano, expressou sua “grande preocupação” com o tema no plenário da Câmara alta, e instou o governo de Joe Biden a pressionar Cuba com mais força para pôr fim a estas brigadas.

“As chamadas missões médicas estrangeiras do regime cubano não são mais do que tráfico de pessoas”, destacou o senador de origem cubana.

Menéndez disse que a Opas deve esclarecer seu “papel inaceitável” ao facilitar que Havana obtivesse rendimentos por submeter seus profissionais médicos a “condições de trabalho forçado” no exterior.

“A participação da Opas nos programas de tráfico de pessoas da ditadura cubana não pode ser ignorada e é preciso que preste contas urgentemente”, afirmou.

Segundo Menéndez, mais de dez mil médicos cubanos participaram de 2013 a 2019 no “Mais Médicos”, criado para atender regiões pobres e zonas rurais do Brasil, e operou através de um convênio com a Opas, representação regional da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O legislador veterano, um conhecido crítico da Cuba castrista, falou sobre o tema dois dias depois de o governo do presidente Joe Biden se pronunciar sobre o caso judicial que confronta médicos cubanos com a Opas. O governo americano comentou vários aspectos técnicos vinculados à imunidade da Opas, mas não tomou partido por nenhuma das partes.

“Com este escrito, o governo Biden desperdiçou uma oportunidade de avançar na incomparável liderança dos Estados Unidos no combate a todas as formas de tráfico de pessoas e escravidão moderna”, disse Menéndez.

“É uma grande decepção e por isso peço ao presidente e ao secretário de Estado (Antony Blinken) que redobrem seus esforços para pressionar Cuba a pôr fim a seu programa de tráfico de médicos e aos muitos abusos que continuam cometendo contra o povo cubano”, acrescentou.

Em 2018, os médicos cubanos Ramona Matos Rodríguez, Tatiana Carballo Gómez, Fidel Cruz Hernández e Russela Margarita Rivero Sarabia entraram com uma ação em uma corte federal da Flórida contra a Opas, acusando-a de se beneficiar ao atuar como intermediária do “Mais Médicos”.

O caso está atualmente em uma corte federal de apelações em Washington DC, depois que a Opas teve negada a imunidade à qual fez alusão para desconsiderar a ação.

A Opas não respondeu de imediato a um pedido de comentários da AFP.

A venda de serviços médicos é uma grande fonte de receita para Cuba, que em 2018 ganhou 6,3 bilhões de dólares por suas missões em todo o mundo, segundo cifras oficiais.