Que Messias Bolsonaro deita e rola na Câmara, graças ao acordão com o Centrão de Arthur Lira (PP-AL), não é novidade. Afinal, basta ver o que eles estão fazendo com os R$ 16 bilhões das emendas de relator do Orçamento deste ano (no ano passado foram R$ 30 bilhões) e com os R$ 5,1 bilhões que vão torrar com o fundo eleitoral. A novidade é que está ficando cada vez mais claro que no Senado, presidido por Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Bolsonaro não só não apita, mas também perde todas as decisões mais importantes. É o caso desta acachapante derrota na eleição do senador Antonio Anastasia (PSD-MG) para a vaga de ministro do TCU, no lugar do bolsonarista Raimundo Carreiro, indicado pelo presidente para assumir a Embaixada do Brasil em Portugal (belo presente de Natal).

Lavada

A derrota de Bolsonaro foi desnorteante. Anastasia, com apoio de Pacheco (e dos 11 senadores do PSD), fez 52 votos. Bolsonaro trabalhou pela eleição de Fernando Bezerra, líder do governo, e ele só teve 7. Já Ciro Nogueira (Casa Civil) operou por Kátia Abreu, que fez 19. O governo queimou emendas para atrair senadores e nem assim deu certo.

Kassab

Pacheco, que é candidato a presidente pelo PSD, cada vez mostra mais os dentes para o Planalto, deixando claro a Bolsonaro como será o jogo em 2022. Ao incensar Anastasia a ministro do TCU, praticamente decretou a sorte de Bezerra, que fala em largar a liderança do governo. Os dois mineiros jogam no time de Kassab, que conversa bem com Lula.

Bolsonaro: cortesia com chapéu alheio

Mateus Bonomi

Paulo Guedes entrou em pânico ao saber que o reajuste salarial que Bolsonaro prometeu dar aos policiais federais atingiria valores astronômicos. Quando autorizou o presidente a arrebentar os cofres para privilegiar os servidores que o apoiarão na reeleição, o ministro não imaginou que os governadores queriam seguir o exemplo do capitão: “Se isso acontecer, o Brasil voltará a ter um futuro tenebroso”.

Retrato falado

“A perspectiva de crescimento menor gera a grande fragilidade fiscal” (Crédito:Sergio Lima)

O presidente do BC Roberto Campos Neto vem impedindo um descontrole maior da inflação por meio de cavalares doses de juros, mas entende que a atual fragilidade fiscal do governo não vem apenas de “ruídos” em relação ao desajuste das contas públicas. Rival de Guedes, diz que o fator que mais desestabiliza a economia é a percepção do mercado sobre a incapacidade do Brasil de ter crescimento estruturado. Os economistas cravam uma queda de 0,5% no PIB em 2022. Ou mais.

Nos passos de Alckmin

A dez meses das eleições, o lance mais estapafúrdio até agora foi dado por Alckmin. Ao deixar o PSDB, que ajudou a fundar em 1988, ao lado de Fernando Henrique e Covas, do qual tanto se orgulhava e que se estivesse vivo ficaria possesso, o ex-governador disse ter dado “o primeiro passo” em direção à chapa de Lula, seu mais ferrenho inimigo até dias atrás. Depois
de mostrar à ISTOÉ, em 2018, a ficha nº 7 de filiação ao PSDB, ele desancou ataques ao petista, ao qual agora fez juras de amor, com beijinho no rosto, em jantar no domingo, 19. O ex-tucano fará de tudo para subir a rampa do Planalto mesmo como vice, já que como presidente tentou duas vezes e não conseguiu.

Lava Jato

Estranhas são as razões que Alckmin revelou a amigos para justificar a adesão ao lulopetismo, uma seita de esquerda, embora ele seja ligado à direita da Igreja católica. Alckmin teria dito que os excessos do MP o aproximaram do PT. Aí, ambos caminharam juntos: são investigados por caixa dois da Odebrecht.

Sucessão no TSE

O ministro Edson Fachin acaba de ser eleito novo presidente do TSE, para um mandato de seis meses. Ele assumirá o cargo em fevereiro, após a volta do recesso do STF, no lugar do ministro Luís Roberto Barroso, que foi um
dos melhores presidentes do tribunal eleitoral das últimas décadas. Foi alvo preferido do bolsonarismo, mas não se intimidou.

Roberto Jayme

Adeus fake news

Mas quem acha que vai poder usar o período eleitoral para espalhar fake news contra os adversários sem nenhuma consequência jurídica, pode tirar o cavalo da chuva. Em setembro, quem assumirá o TSE será Alexandre de Moraes, o mais rigoroso ministro contra desmandos de políticos mal-intencionados.
Ele fica até setembro de 2024. Preparem-se.

A vice ideal?

Divulgação

João Doria, candidato do PSDB a presidente, reuniu-se na quinta-feira,16, em São Paulo, com Simone Tebet, candidata do MDB à Presidência. Os dois conversaram sobre uma necessária política econômica que tire o Brasil da crise e retome o crescimento. Sobre possível aliança entre eles, só em abril, mas ganha força uma possível chapa de Doria com a senadora de vice.

Toma lá dá cá

Rodrigo Garcia, vice-governador do estado de SP (Crédito:Divulgação)

Quais desafios lhe esperam ao assumir o governo de São Paulo a partir de abril?
Dediquei minha vida à gestão pública. Sei da responsabilidade que me espera. Desde o primeiro
dia do governo Doria, ocupo a Secretaria de Governo, que cuida dos projetos prioritários.

Em 2022, o governo paulista terá R$ 28 bilhões para investimentos. Quais serão as prioridades?
A prioridade número 1 é a retomada econômica com a geração de empregos. Batemos recorde com mais de 8 mil
obras públicas em andamento no estado, gerando 200 mil empregos.

Como conciliar o governo com a reeleição?
A campanha é o momento de mostrar à população o que fizemos para melhorar a vida das pessoas e o que faremos
pelo futuro de São Paulo.

Rápidas

* O risco de Bolsonaro perder a eleição aumenta a cada dia. Segundo o Datafolha, o presidente derrete e, pior, tem uma rejeição de 60%, a mais alta entre os dez candidatos melhor posicionados. Com esse desprezo popular, pode até ir para o segundo turno, mas não leva.

* Novo absurdo: o Ministério da Educação pede que o Congresso, que manipula o Orçamento com suas emendas criminosas, libere R$ 4,5 bi para pasta, enquanto os deputados aprovam R$ 5,1 bi para o fundão eleitoral.

* As emendas de relator, controladas pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, estão fazendo a alegria da sua família em Alagoas. Seu pai, prefeito de Barra de São Miguel, recebeu R$ 4,7 milhões em 2021 e R$ 5,8 milhões em 2020.

* Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral, preso no Rio por ordem de Moro, tentou se filiar ao Podemos, que lançou o ex- juiz para presidente: Cabralzinho quer ser deputado e teve o nome vetado.