Senado dos EUA se dispõe a aprovar histórica lei de inovação para se contrapor à China

Senado dos EUA se dispõe a aprovar histórica lei de inovação para se contrapor à China

O Senado dos Estados Unidos se dispõe a aprovar nesta terça-feira (8) um amplo projeto de lei de política industrial destinado a contrabalançar a crescente ameaça econômica de sua rival, a China, superando as divisões partidárias para injetar mais de 170 bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento.

A medida, que entre suas disposições-chave aborda a escassez de semicondutores que retardou a produção de automóveis este ano, é considerada crucial para os esforços dos Estados Unidos para evitar serem superados por Pequim na corrida pela inovação tecnológica.

Com os dois partidos políticos americanos cada vez mais preocupados com a concorrência da principal potência asiática, o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, expressou confiança em uma forte votação bipartidária para abordar a Lei de Inovação e Concorrência dos Estados Unidos.

“O projeto de lei entrará para a história como uma das coisas mais importantes que esta Câmara fez em muito tempo, uma declaração de fé na capacidade dos Estados Unidos em aproveitar as oportunidades do século XXI”, disse Schumer no plenário do Senado.

“Quem vencer a corrida das tecnologias do futuro será o líder econômico mundial, com profundas consequências também para a política externa e a segurança nacional”.

O projeto de lei teria que voltar à Câmara de Representantes, onde se originou, para uma votação final. Espera-se que obtenha a aprovação no Congresso e seja sancionado como lei pelo presidente Joe Biden.

A proposta pretende abordar uma série de áreas tecnológicas nas quais os Estados Unidos ficaram para trás de seus concorrentes chineses, incluindo a produção de semicondutores.

O projeto de lei destina 52 bilhões de dólares para financiar um plano previamente aprovado para aumentar a fabricação nacional destes componentes.

Também autoriza 120 bilhões de dólares ao longo de cinco anos para atividades da Fundação Nacional da Ciência com a finalidade de avançar nas prioridades, incluindo a pesquisa e o desenvolvimento em áreas-chave como inteligência artificial (IA) e ciência quântica.

“Quem aproveitar as tecnologias como a IA e a computação quântica – e inovações ainda não vistas – dará forma ao mundo à sua imagem”, disse Schumer, antes de criticar o presidente chinês, Xi Jinping.

– Aposta na “liderança” dos EUA –

Um resumo da proposta de lei destaca como o Partido Comunista chinês está “investindo agressivamente mais de 150 bilhões de dólares” na fabricação de semicondutores para controlar a tecnologia avançada.

No mês passado, no início das discussões sobre o projeto, Schumer advertiu que os governos autoritários acreditam que as “democracias argumentativas” como a dos Estados Unidos não podem confrontar o momento e investir nas prioridades nacionais como faz um governo centralizado.

“Ou cedemos o manto da liderança mundial a nossos adversários ou preparamos o caminho para outra geração de liderança americana. Disso se trata este projeto de lei”, disse nesta terça.

Embora o principal republicano no Senado, Mitch McConnell, tenha destacado que a medida continuava sendo “incompleta”, parece que será aprovada por ampla margem, o que põe em evidência que a competição dos Estados Unidos com seu crescente rival geopolítico, a China, é um dos poucos assuntos que podem unir republicanos e democratas.

A medida recebeu o apoio nesta terça do Secretário de Estado, Antony Blinken, que aplaudiu seus investimentos em tecnologia, inovação e pesquisa.

“Todos estes elementos juntos são a forma de nos aproximarmos da China de uma posição de força”, disse Blinken durante uma audiência no Senado.