Os senadores americanos continuavam, na manhã deste sábado (6), a examinar uma longa série de emendas ao plano de estímulo de 1,9 trilhão de dólares promovido por Joe Biden, em uma maratona que visa a aprovação do pacote econômico neste fim de semana.

Depois de nove horas de bloqueio, os democratas e a Casa Branca conseguiram convencer durante a madrugada um senador moderado a votar uma emenda sobre o seguro-desemprego.

“Este acordo nos permite avançar com esse plano de que precisamos com urgência”, declarou a Casa Branca, por meio de sua porta-voz, Jen Psaki.

O estudo do plano de estímulo, necessário para que a maior economia mundial, fortemente afetada pela pandemia de coronavírus, se mantenha firme, deverá ser longo.

Depois de sair do bloqueio que paralisou a sessão, os senadores iniciaram um procedimento em que dezenas de emendas podem ser propostas e é necessária a votação de cada uma delas. Um momento que a oposição republicana aproveita para detalhar suas reclamações.

Os democratas têm uma maioria muito pequena no Senado. Eles controlam o mesmo número de cadeiras que os republicanos (50), mas, em caso de empate, a vice-presidente Kamala Harris representa o voto do minerva.

O líder dos senadores democratas, Chuck Schumer, acreditava na quinta-feira poder contar com todos os votos de seu partido e que “nesta semana” o plano poderia ser aprovado.

A meta dos democratas é adotá-lo até 14 de março, dia em que terminará a prorrogação do pagamento dos auxílios ao desemprego decidida no plano de resgate anterior.

O pacote de ajuda de Biden fornece, entre outros, cheques de US$ 1.400 para milhões de americanos e US$ 350.000 milhões em ajudas a estados e municípios.

Bilhões também irão para o combate à pandemia, incluindo US$ 49 bilhões para promover diagnósticos e encorajar pesquisas, e mais de US$ 14 bilhões para aumentar o ritmo de vacinação.

Depois de aprovado, o plano retornará à Câmara dos Representantes, controlada pelos democratas, para uma votação final, antes de ser promulgado pelo presidente.

– “Absolutamente essencial” –

Na sexta-feira, Biden insistiu na urgência de sua aprovação, moderando o entusiasmo gerado pelos bons resultados nos números do emprego.

É um “dispositivo absolutamente essencial para reverter a situação, levar as crianças de volta à escola em total segurança, fornecer uma tábua de salvação para as pequenas empresas e derrotar a covid-19”, disse Biden.

Em fevereiro, foram criados 379 mil empregos e a taxa de desemprego caiu ligeiramente para 6,2%.

Mas, “nesse ritmo, levará dois anos” para retornar ao nível pré-pandêmico, advertiu o presidente.

No momento, 18 milhões de americanos recebem algum benefício depois de perder o emprego ou grande parte de sua renda mensal.

As novas contratações em fevereiro foram registradas principalmente em bares e restaurantes, duramente atingidos pelas restrições implementadas na pandemia.

Outras atividades relacionadas ao lazer e hospedagem, bem como serviços de saúde, vendas no varejo e indústria de transformação também registraram novas contratações no mês passado.

Esses números sugerem que o pior da crise já passou e que os empresários parecem estar focados no “miniboom” econômico que está previsto para a primavera boreal.

A campanha de vacinação está avançando e uma ajuda pública massiva – além de gastos em queda – injeta dinheiro nas contas bancárias dos americanos, o que aponta para um aumento significativo no consumo.

De acordo com Biden, os números positivos do emprego são certamente o produto do plano de incentivo de US$ 900 bilhões aprovado no final de dezembro e implementado por seu antecessor Donald Trump.

Mas sem novas ajudas “tudo voltará a desacelerar”, disse o presidente. “Você não pode dar um passo para frente e dois para trás”, acrescentou.

Seu plano de 1,9 trilhão é o terceiro pacote de ajuda excepcional aprovado pelo Congresso desde o início da pandemia.