O Senado dos Estados Unidos aborda nesta terça-feira (22) uma questão central para a democracia e que divide profundamente republicanos e democratas: o acesso ao voto, após uma eleição de 2020 marcada por acusações infundadas de fraude pelo ex-presidente Donald Trump.

A Câmara Alta deve decidir se debate ou não uma reforma eleitoral histórica para ampliar o acesso ao voto, promovida pelo presidente democrata Joe Biden e que dificilmente terá o apoio dos republicanos.

A Lei para o Povo (For The People Act) visa garantir que os americanos possam votar pelo correio sem restrições e tenham acesso total à votação antecipada. Também reforma as leis de financiamento de campanha e tenta impedir o redesenho das linhas distritais de acordo com os interesses partidários, uma prática contestada conhecida como ‘gerrymandering’.

O projeto de lei já foi aprovado na Câmara dos Representantes, controlada pelos democratas. No entanto, parece estar condenado no Senado, dividido 50-50 entre democratas e republicanos e onde a estreita maioria democrata está assegurada pelo voto da vice-presidente Kamala Harris.

Mas mesmo que todos os democratas a apoiassem, a iniciativa não alcançaria os 60 votos necessários para superar a votação processual que permitiria sua consideração.

O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, chamando atenção para o que chamou de “uma trilha de leis republicanas de supressão de eleitores que se estendem por todo o país”, criticou seus rivais por buscarem uma “flagrante” vantagem eleitoral partidária.

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Schumer disse que os republicanos, bem cientes de que Trump considera que o voto pelo correio e outras opções disponíveis para exercer o direito de voto o levaram à derrota, “estão deliberadamente contra todas as maneiras pelas quais eleitores mais jovens e mais pobres, não brancos e tipicamente democratas obtenham o sufrágio”.

– União dos democratas –

A votação no Senado está marcada para as 17h30 (18h30, em Brasília). E mesmo se falhar como esperado, os democratas esperam reivindicar uma vitória moral e destacar à oposição republicana os princípios democráticos básicos do direito de voto.

A Casa Branca reconheceu que a votação não será aprovada, mas disse que busca unanimidade entre os democratas, principalmente depois que o senador Joe Manchin apresentou um projeto de lei mais moderado que acredita poder convencer alguns republicanos.

“O que estamos medindo é a unidade do Partido Democrata”, afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, na segunda-feira.

Psaki acredita que, no mínimo, a votação poderia “desencadear uma nova conversa sobre o caminho a seguir” no Congresso.

Os republicanos, no entanto, permanecem firmemente contra a iniciativa democrata. O principal republicano do Senado, Mitch McConnell, disse em um discurso antes da votação que este projeto democrata é um “plano distintamente partidário para inclinar todas as eleições nos Estados Unidos permanentemente a seu favor”.

Biden advertiu que a democracia americana está sendo “atacada” pelos esforços das legislaturas estaduais republicanas em acabar com a votação pelo correio, reduzir a votação antecipada, restringir o uso de caixas de correio e impedir que os cartões de estudante sejam apresentados como forma de identificação para voto.


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