O Senado da Colômbia rejeitou nesta quinta-feira (27) uma moção de censura ao ministro da Defesa promovida pela oposição diante dos abusos policiais durante os protestos que eclodiram há um mês contra o governo.

A Câmara Alta votou contra o pedido de suspensão das funções do ministro Diego Molano, divulgado pela instituição em suas redes sociais. Com 69 votos contra e 31 a favor, o responsável pela pasta da Defesa teve sucesso no debate que promovia sua demissão por conta dos excessos das forças de segurança.

O Senado “expressou seu apoio aos soldados e policiais que dão suas vidas pela Colômbia”, disse Molano no Twitter. É “um voto de confiança (…) para continuar atuando contra a violência e os bloqueios”, acrescentou.

A polícia está a cargo do Ministério da Defesa, razão pela qual Molano apareceu aos olhos da oposição como indiretamente responsável pela repressão.

O senador de esquerda Iván Cepeda denunciou na mesma rede social que a recusa constitui um “ato de cumplicidade com impunidade por crimes contra a humanidade”.

Desde 28 de abril, dezenas de milhares de colombianos saem às ruas para rejeitar um aumento de impostos proposto pelo presidente Iván Duque como forma de conter a deterioração econômica. Embora o presidente conservador tenha retirado o projeto do Congresso, a violenta repressão aos protestos por parte da polícia, condenada pela comunidade internacional, gerou revolta.

A procuradoria e o Ministério da Defesa relatam 43 mortos (dois deles policiais) e mais de 2.000 feridos em quase um mês de mobilizações. Em Bogotá, Cali e cidades intermediárias, localizadas principalmente no oeste do país, as manifestações pacíficas durante o dia regularmente se transformam em distúrbios noturnos.

Apesar da avalanche de vídeos que parecem culpar os uniformizados, o governo se fecha atrás das forças de segurança e acusa grupos armados de se infiltrarem nos protestos.

Molano, nomeado para o cargo em fevereiro, após a morte por covid-19 de seu antecessor, insiste em acabar à força com os bloqueios de estradas. Os manifestantes pedem que a polícia deixe de responder ao Ministério da Defesa, em meio a um conflito armado interno que já dura quase seis décadas.