BUENOS AIRES, 23 AGO (ANSA) – O Senado da Argentina autorizou nesta quarta-feira (22) a vistoria dos imóveis da ex-presidente Cristina Kirchner.

As operações de busca e apreensão foram solicitadas no âmbito das investigações de corrupção em que a atual senadora está envolvida. Devido ao seu cargo no momento, o Senado precisava autorizar a vistoria, já que Kirchner tem imunidade parlamentar.

O pedido foi feito pelo juiz Claudio Bonadio, que investiga o “escândalo dos cadernos da corrupção”, há duas semanas. Na semana passada, a votação fracassou por falta de quórum. Já dessa vez, a decisão foi unânime e não contou com abstenções, graças a uma carta da própria ex-presidente aos senadores, publicada na terça-feira (21), aceitando a medida.

A sessão durou mais de seis horas, teve 24 parlamentares inscritos como oradores, incluindo Kirchner, que disse ser “a primeira mulher presidente e primeira senadora a sofrer uma invasão” desse tipo. No discurso de 45 minutos, ela afirmou também ser vítima de perseguição política e questionou a real validade dos “cadernos da corrupção”.

O escândalo em questão envolve oito cadernos usados por um ex-motorista do Ministério do Planejamento que anotava todas as viagens feitas por ele para entregar sacolas com dinheiro durante o período kirchnerista.

As quantias teriam sido dadas por empresários a funcionários do governo para obter concessão de obras públicas. Os cadernos deram início a uma série de buscas e prisões de funcionários do governo e empresários, algo comparável à Lava Jato no Brasil.

Cristina Kirchner foi a primeira mulher eleita e reeleita presidente da Argentina e hoje atua como senadora. Ela sucedeu seu falecido marido, Nestor Kirchner, que governou entre 2003 e 2007. (ANSA)