Senado aprova PL que reduz tempo de prisão de Bolsonaro

Senado aprova PL que reduz tempo de prisão de Bolsonaro

"CentenasTexto que beneficia condenados por tentativa de golpe de Estado passou por correções na Casa e segue para sanção presidencial. Governistas dizem que acionarão a Justiça contra decisão.O Senado aprovou nesta quarta-feira (17/12), por 48 votos favoráveis, 25 contrários e um abstenção, o PL da Dosimetria. A proposta prevê a redução de penas de centenas de condenados pelos atentados à Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 e pela tentativa de golpe de Estado julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O texto aprovado em regime de urgência reduz as penas de condenados por atos golpistas. Entre os beneficiados está o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão pelo STF, como líder da trama golpista que tentou reverter o resultado das eleições de 2022 para se manter no poder. Atualmente ele cumpre pena na sede da Polícia Federal (PF) em Brasília.

O texto agora segue para aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que ainda pode vetar a proposta integral ou parcialmente.

Mais cedo, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) havia aprovado um substitutivo elaborado pelo senador Esperidião Amin (PP-SC), com apenas quatro horas para analisar o texto – normalmente pedidos de vista levam até cinco dias de apreciação no colegiado.

Amin acatou uma emenda ao texto para determinar que a redução das penas seja aplicada apenas aos condenados pelos atos golpistas, retirando uma brecha que poderia favorecer condenados por crimes não relacionados ao 8 de janeiro.

O senador considerou a emenda como apenas um ajuste de redação e não de mérito, para que, caso o projeto seja aprovado pelo plenário do Senado, não precise retornar à Câmara dos Deputados, que aprovou a matéria na madrugada do dia 10 de dezembro.

O líder da federação PT, PCdoB e PV na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ), disse em uma rede social que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o texto seja novamente analisado pela Câmara.

"A assessoria jurídica já está mobilizada. Se insistirem na manobra de dissimular emenda de mérito como emenda de redação, para impedir o retorno do projeto à Câmara, vamos reagir. O objetivo é claro: ganhar tempo, garantir o devido processo legislativo e levar o debate para o próximo ano. Se avançarem hoje, vamos acionar o STF ainda hoje", disse Farias antes da votação.

Ao ser perguntado anteriormente sobre o projeto, Lula disse que só decidirá sobre a sanção quando o texto chegar ao Executivo.

"Não gosto de dar palpite numa coisa que não diz respeito ao Poder Executivo. É uma coisa pertinente ao Poder Legislativo. Eles estão discutindo. Tem gente que concorda, tem gente que não concorda", disse Lula.

O que é o PL?

Diante do avanço da matéria no Congresso Nacional, manifestantes de diversas cidades brasileiras foram às ruas no domingo (14/12), em atos contrários à aprovação do PL da Dosimetria.

O texto do PL da Dosimetria determina que os crimes de tentativa de abolir com o Estado Democrático de Direito e de golpe de Estado, quando praticados no mesmo contexto, implicarão apenas no uso da pena mais grave em vez da soma de todas as penas.

O foco do PL é uma mudança no cálculo da punição, "calibrando a pena mínima e a pena máxima de cada tipo penal, bem como a forma geral de cálculo das penas".

Na prática, diminui o tempo de prisão para vândalos comuns e acelera a progressão do regime fechado para o semiaberto ou aberto para condenados por outros crimes.

Tais mudanças poderão beneficiar réus como o ex-presidente Jair Bolsonaro, além dos militares Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil; e Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

No caso de Bolsonaro, o relator do PL na Câmara, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), havia calculado que o tempo de prisão em regime fechado poderia cair para 2 anos e 4 meses.

Até o momento, mais de 800 pessoas foram responsabilizadas em algum nível pela Justiça por depredar a Praça dos Três Poderes.

gq (Agência Brasil, OTS)