A velocista sul-africana Caster Semenya, que não poderá defender seu título mundial dos 800 metros no Mundial de atletismo de Doha devido ao novo regulamento para atletas com hiperandrogenismo, decidiu mudar de carreira e apostar no futebol.

A bicampeã olímpica treina atualmente com o JVW, um clube de Joanesburgo que disputa o campeonato feminino da África do Sul. Semenya, porém, só poderá jogar no ano que vem, já que o prazo de inscrição de atletas para esta temporada terminou.

“Estou concentrada nesta nova viagem. Valorizo o amor e o apoio que recebi da equipe”, declarou Semenya ao site do clube.

A capitã da seleção sul-africana, Janine Van Wyck, cujas inicias dão nome ao clube, declarou à AFP que estava “entusiasmada” com a decisão de Semenya de atuar em sua equipe.

Semenya segue assim os passos do jamaicano Usain Bolt, que também decidiu tentar a sorte no futebol, chegando a treinar com o Borussia Dortmund alemão e o Central Coast Mariners, da Austrália, embora não tenha sido contratado em definitivo.

A decisão de trocar o atletismo pelo futebol é motivada pelo fato de Semenya se negar a tomar um medicamento para diminuir seu nível de testosterona, como determina o novo regulamento aprovado pela Federação Internacional (Iaaf) para os casos de atletas com hiperandrogenismo que competem em provas de distâncias acima dos 400 metros.

O regulamento entrou em vigor em 8 de maio, mas logo foi suspenso temporariamente, até que em final de julho um tribunal suíço revogou a medida, fechando as portas do Mundial de atletismo para Semenya. A atleta segue brigando legalmente e apresentou recurso na justiça suíça.

A Iaaf defende seu regulamento, alegando que um nível de testosterona elevado oferece às atletas uma vantagem indevida no atletismo feminino.

Semenya acredita em seu direito de competir em competições de acordo com seu gênero declarado em registro civil sem a obrigação de tomar medicação.

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