SALVADOR E ROMA, 19 AGO (ANSA) – Em meio às críticas pela política ambiental promovida pelo presidente Jair Bolsonaro, a cidade de Salvador, na Bahia, sediará, a partir desta segunda-feira (19), a Semana do Clima da América Latina e Caribe, realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU).   

O evento, cujo encerramento ocorrerá na próxima sexta-feira (23), acontece no espaço Salvador Hall, na avenida Paralela. De acordo com a prefeitura, a programação incluirá workshops, passeios ciclísticos, palestras sobre as mudanças climáticas e o meio ambiente. Estarão presentes participantes dos 33 países da América Latina e Caribe, além de outras regiões do mundo, somando, até o momento, mais de 90 nacionalidades. Mais de 3.500 pessoas se inscreveram para participar da reunião, que serve de preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-25), marcada para o próximo mês de dezembro no Chile.   

A iniciativa foi objeto de controvérsia há três meses, depois que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, anunciou seu cancelamento. Na ocasião, o ministro disse que a decisão foi tomada depois do Brasil ter desistido de sediar a COP-25. Além disso, o evento ocorre em meio às discussões sobre o aumento do desmatamento na Amazônia e após o anúncio da suspensão das doações ao Fundo Amazônia por parte da Alemanha e Noruega. De acordo com um relatório do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que estuda a região há 28 anos, a taxa de desmatamento na floresta brasileira cresceu 66% em julho passado, embora esse percentual chegue a 278%, segundo as projeções do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Bolsonaro, por sua vez, tem defendido a exploração da maior floresta do mundo, legalizando a mineração nas reservas indígenas e reduzindo o controle sobre o “pulmão verde do planeta”, onde o desmatamento disparou nos últimos meses. Governadores da Amazônia – Pelo menos nove governadores da Amazônia Legal lamentaram, em nota, que as políticas e declarações do governo Bolsonaro tenham resultado na suspensão dos financiamentos internacionais e anunciaram que pretendem negociar as doações para o Fundo Amazônia diretamente com a Alemanha e Noruega. O comunicado está em nome do governador do Amapa, Waldez Góes (PDT), atual presidente do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, um grupo composto pelos governadores do Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.   

No texto é ressaltado que essas autoridades são “defensoras incondicionais do Fundo Amazônia”, que recebe doações e financia ações e projetos contra o desmatamento. Segundo a nota, o bloco já comunicou ao presidente da República e todas as embaixadas da Noruega, Alemanha e França que irá dialogar “diretamente com os países financiadores do Fundo”. Na semana passada, Alemanha e Noruega anunciaram a suspensão das doações ao fundo. O Governo alemão bloqueou o repasse de R$155 milhões para os projetos de preservação, enquanto o norueguês barraram a doação de 300 milhões de coroas norueguesas. (ANSA)