O ministro das Relações Exteriores venezuelano, Jorge Arreaza, informou nesta quarta-feira (7) que sem as sanções econômicas a que o país está sujeito, a Venezuela já teria comprado as vacinas anticovid de que necessita.

“Se a Venezuela não tivesse seus recursos bloqueados [no exterior], teríamos comprado há três meses as 30 milhões de vacinas que faltam ao país” de quase 30 milhões de habitantes, disse o ministro em entrevista à AFP em Caracas.

“Como estão bloqueados, aqui estamos nós. Algumas vêm dos russos, algumas vêm dos chineses”, acrescentou.

A Venezuela recebeu pouco menos de 1 milhão de vacinas: 250.000 doses da russa Sputnik V e meio milhão da farmacêutica chinesa Sinopharm.

Atualmente, seu plano de vacinação inclui profissionais de saúde, professores e autoridades.

“Não só teríamos os 30 milhões de vacinas, mas teríamos vacinado metade da população se não tivéssemos os recursos represados nos bancos internacionais”, acrescentou.

A meta do governo venezuelano é vacinar 70% da população este ano.

Maduro também negocia seu acesso à aliança global Covax da Organização Mundial da Saúde, em meio a uma disputa política com o líder oposicionista Juan Guaidó, que controla justamente os fundos venezuelanos bloqueados no exterior pelas sanções.

Guaidó disponibilizou 30 milhões desses recursos justamente para ter acesso à Covax, mas até agora isso não se concretizou.

“Esperamos que a OPAS receba os recursos para a compra de vacinas na Venezuela, a OPAS e o mecanismo Covax, e que eles nos dêem nossas vacinas, porque as pagaremos”, disse Arreaza.

Mais cedo, o diretor do Departamento de Emergências de Saúde da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Ciro Ugarte, declarou que “as negociações e conversas continuam e os esforços para desbloquear os recursos da Venezuela no exterior continuam em andamento”.

“De tal forma que o pagamento para o acesso à aliança Covax não foi feito”, acrescentou.

A Venezuela vive uma segunda onda da covid-19, que as autoridades garantem ser “mais virulenta” e vinculada a variantes brasileiras.

O governo registra cerca de 165 mil casos e quase 1.700 mortes, números questionados por ONGs como a Human Rights Watch, considerando que há uma alta subnotificação.