ROMA, 18 SET (ANSA) – Até dois meses atrás, o presidente da França, Emmanuel Macron, trocava farpas e acusações com o então ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, do partido Liga Norte. Agora, com um novo governo na Itália formado pelo Movimento 5 Estrelas (M5S) e pelo Partido Democrático (PD), sem Salvini, as autoridades de Paris e de Roma sinalizam uma reaproximação. Nesta quarta-feira (18), Macron fez uma visita oficial a Roma e se reuniu com o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, e com o presidente Sergio Mattarella. Na pauta dos encontros, estava a crise imigratória na Europa, um dos principais temas de confronto com Salvini, que, durante sua gestão no Ministério do Interior, impediu ONGs e navios de desembarcarem imigrantes em solo italiano. “Estou muito feliz de receber Macron, no primeiro encontro com um líder europeu depois da formação do novo governo”, disse Conte. “Às vezes, podem emergir opiniões que não coincidem, mas se deve agir sempre com base em um diálogo fundado no respeito comum, como convém entre países fundadores da União Europeia”, ressaltou o premier, admitindo as desavenças do passado. Macron também adotou um tom pacífico em relação à Itália. “Se estou hoje aqui, caro Giuseppe, é para indicar claramente a intenção de trabalharmos juntos pelo projeto europeu e lançar uma mensagem de amizade forte e clara ao povo italiano”, ressaltou. “A amizade franco-italiana é indestrutível”. De acordo com Conte, a França teria aceitado a ideia de buscar a criação de um mecanismo no qual os países-membros da UE se comprometem em receber e redistribuir as dezenas de imigrantes que desembarcam diariamente na Itália, fugindo de guerras e conflitos no norte da África e no Oriente Médio. “É essencial, para a UE, que se vire a página e se concentre em uma gestão estrutural, e não emergencial, dos fluxos migratórios. Recebi de Macron a plena disponibilidade para um mecanismo europeu para os desembarques, assim como para a redistribuição e gestão eficiente dos imigrantes”, disse Conte. Outro tema que ganhou a maior parte do tempo das reuniões de hoje foi a crise na Líbia, o risco de novos episódios de violência no país e um aumento do terrorismo. “Sobre a Líbia, concordamos que é fundamental trabalhar construtivamente juntos, envolvendo todas as partes. O objetivo é a estabilização do país”, afirmou o premier italiano. (ANSA)