Donald Trump completa um ano de governo neste sábado (20) obrigado a fechar as operações não essenciais do governo, diante do fracasso de um acordo no Senado para aprovar uma extensão do orçamento por quatro semanas.

A última vez que o governo federal americano se viu forçado a paralisar suas atividades foi em outubro de 2013, durante o governo de Barack Obama. Na época, 800 mil funcionários públicos foram colocados em licença por 16 dias.

O presidente acusou os adversários democratas de terem provocado o “shutdown” como uma manobra política.

“É o primeiro aniversário da minha presidência, e os democratas queriam me dar este lindo presente”, ironizou Trump em uma série de tuítes.

O remédio é amargo para o bilionário do setor imobiliário, que durante a campanha se vangloriava de ser um mestre na arte da negociação. Trump tinha previsto passar o fim de semana em seu clube privado de Mar-a-Lago, na Flórida, para um jantar de gala no qual pretendia arrecadar fundos. Mas agora, está bloqueado em Washington, onde os senadores tinham prevista uma reunião no meio do dia.

A este desgosto somou-se a realização da segunda “Marcha das Mulheres”, com manifestações organizadas em várias cidades do país, como Washington e Nova York, um ano depois do protesto maciço que desafiou Trump em sua chegada à Casa Branca.

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Nas manifestações voltaram a ser vistos os gorros cor-de-rosa com orelhas de gato, conhecidos como “pussy hats” que no ano passado se tornaram um símbolo de repúdio a Trump, após a divulgação de declarações machistas em que declarava que podia “agarrar pela xoxota” (“grab by the pussy”, em inglês) as mulheres que desejasse impunemente.

Para complicar o quadro, a publicação da mais recente pesquisa NBC/WSJ não foi nada animadora para o presidente. Sua popularidade é de 39%, uma cifra que o deixa a léguas de outros presidentes no mesmo período do mandato: Barack Obama (50%), George W. Bush (82%) e Bill Clinton (60%).

– A negociar –

O Senado tinha até a meia-noite de sexta-feira para aprovar o projeto de extensão do orçamento, o que a Câmara baixa havia feito na quinta, mas o Partido Republicano não conseguiu, apesar das intensas negociações, os 60 votos necessários para adotar a medida.

A paralisia (“shutdown”) das atividades federais entrou em vigor neste sábado, às 2h (horário de Brasília). Seus primeiros efeitos devem começar a ser sentidos a partir de segunda-feira.

A última vez que a administração federal americana foi forçada a paralisar suas atividades foi em outubro de 2013, durante o governo de Barack Obama, quando 800 mil funcionários públicos foram licenciados durante 16 dias.

Os primeiros efeitos da paralisação devem começar a aparecer a partir de segunda-feira.

Nas Forças Armadas, os militares deverão permanecer em seus postos, assim como policiais, patrulheiros da fronteira, agentes aduaneiros e operadores de voo em todo país.

No governo, serão mantidas as operações da Casa Branca, do Departamento de Estado, do Congresso e de órgãos como os Correios, ainda que com menos funcionários.

Não vai abrir a Receita Federal (Internal Revenue Service), a Administração da Seguridade Social e os Departamentos de Habitação, Educação, Comércio e Trabalho, além da Agência de Proteção Ambiental.

Sem sinais para prever quanto tempo esta situação vai durar, o Congresso se reuniu em caráter de urgência neste sábado, quando os líderes dos dois partidos começaram a distribuir responsabilidades pelo ocorrido.


O presidente da Câmara de Representantes, Paul Ryan, avaliou que os democratas são os únicos responsáveis. “Fazemos coisas curiosas em Washington, mas isto é pura loucura”, comentou.

“Há soldados americanos que se preparam para passar seis meses no Kuwait e os preocupa que não sejam pagos logo. É inconcebível”, reclamou o vice-presidente Mike Pence durante uma escala em Shannon (Irlanda), onde cruzou com militares dos EUA em trânsito para uma missão no exterior.

“Estamos em negociações constantes” disse à Fox News Hogan Gidley, porta-voz de Trump, que se negou a revelar as cartas que têm na manga.

Trump acusa os democratas de prejudicarem os interesses fundamentais do país.

“Os democratas estão mais preocupados com os imigrantes ilegais do que com nossos grandes Militares ou com a Segurança em nossa perigosa fronteira sul”, denunciou via Twitter.

“Eles poderiam facilmente ter chegado a um acordo, mas no lugar, preferiram jogar a carta do ‘shutdown'”, reclamou o presidente.

Para além do orçamento temporário, o quarto desde setembro, a maioria republicana quer aprovar um definitivo para 2018, que conte com centenas de bilhões de dólares, principalmente para aumentar as despesas militares, uma das promessas de Trump.

A oposição democrata bloqueou o acordo orçamentário por não se contemplar uma solução para os quase 700.000 imigrantes beneficiados pelo programa DACA, lançado em 2012 pelo governo Obama, que lhes dava permissão para trabalhar e estudar legalmente nos Estados Unidos. Trump não renovou o programa, que vence em 5 de março.


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