Usain Bolt mostrou nesta quinta-feira que um raio pode, sim, cair mais de uma vez no mesmo lugar. Nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o astro sagrou-se tricampeão olímpico nos 200 metros na noite desta quinta-feira e confirmou novamente sua supremacia no atletismo. O jamaicano tornou-se o primeiro homem da história a conquistar três títulos olímpicos consecutivos nos 100m e nos 200m e fez o reggae ecoar nas caixas de som do Engenhão.

Com o tempo de 19s78, o velocista não deu qualquer chance para os adversários e faturou a medalha de ouro. Se a vitória veio fácil, o objetivo de quebrar o recorde mundial ficou para o futuro. Numa pista molhada, em razão da chuva, Bolt e seus rivais estiveram longe de repetir nesta noite seus melhores desempenhos na distância. Tanto que nenhum deles superou o tempo de 19s74, o melhor da temporada até agora, de LaShawn Merritt – registrado em julho.

O norte-americano foi a maior decepção da final dos 200m. Foi apenas o sexto colocado, com 20s19. A medalha de prata ficou com o canadense Andre De Grasse, com 20s02, seguido pelo francês Christophe Lemaitre (20s12), que levou o bronze no Photo Finish – sistema de tecnologia que bate uma fotografia da chegada dos corredores.

Embora não estivesse tão cheio como na final dos 100m, o Engenhão mostrou a mesma histeria com o jamaicano. Só ele é saudado quando entra no estádio ou quando simplesmente acena para o público. Bolt parecia mais relaxado do que no último domingo. Balançando a cabeça, acompanhou a música do estádio antes do início da prova. Dançou mais que o habitual quando teve seu nome anunciado.

Após a vitória, o ritual foi o mesmo, mas com uma alegria sempre renovada para o público. Bateu no peito, ergueu os braços e se ajoelhou. Com a bandeira da Jamaica, ele saudou o público e posou para as fotos. Não deu a volta olímpica da vitória no Rio. Foi uma festa mais contida que aquela feita na primeira vitória.

Bolt não teve a concorrência de dois fortes oponentes na decisão. O norte-americano Justin Gatlin usou a lesão no tornozelo para justificar sua eliminação na semifinal. Já o jamaicano Yohan Blake evitou desculpas para a queda precoce. O caminho estava aberto para o astro do atletismo brilhar sozinho, e o maior desafio era ganhar dele mesmo.

No Rio, Bolt estabeleceu como meta repetir as três medalhas de ouro e bater o recorde mundial dos 200 metros. A marca 19s19 foi estabelecida por ele no Mundial de Berlim, em 2009. Em nenhum momento o velocista acusou a lesão na coxa esquerda que o atrapalhou na reta final de preparação olímpica e mostrou boa forma física. Com intervalo de tempo satisfatório entre uma prova e outra, se divertiu em sua distância favorita, embora sem aliviar o ritmo no trecho final, como fez nos 100m.

Na semifinal, Bolt e De Grasse compartilharam a mesma bateria e protagonizaram um momento curioso, trocaram sorrisos ao cruzar a linha de chegada. Com recorde mundial dos 200m em mente, o jamaicano queria se poupar o máximo possível para a corrida final. Até controlou o tempo, mas o canadense tinha outros planos e ele teve de responder na pista. Bolt teve espaço para passear nas eliminatórias, quando venceu a sua série com o 15º melhor tempo geral.

Nesta sexta-feira, às 22h35, Bolt disputará o terceiro e último ouro no Rio. Poupado das eliminatórias da prova do revezamento 4x100m, o principal velocista do país fez falta ao time jamaicano, que terminou em 5º lugar na classificação geral. Descansado, ele estará pronto para completar sua trilogia olímpica e, assim, encerrar sua carreira em Olimpíadas de forma triunfal.