Um homem de 44 anos foi preso há três semanas dentro da própria casa enquanto preparava o jantar para os dois filhos, por suspeita de roubar e tentar extorquir uma grande quantia de dois empresários de Queimados, no Rio de Janeiro. As informações são do UOL.

Eduardo de Assis Fernandes, de 44 anos, teria sido identificado pelas vítimas por meio de uma foto de 2016, extraída do perfil dele no Facebook. A própria polícia admite que não há provas contra ele, apesar de ter pedido sua prisão temporária, que foi autorizada pela Justiça, para que Fernandes não atrapalhasse as investigações.

A família do auxiliar de apoio operacional lamenta a prisão sem provas e afirma se tratar de um caso de racismo.

“Meu irmão estava cozinhando para os filhos, descalço e sem camisa. Foi preso sem nem saber o motivo, porque antes disso nunca tinha sido nem chamado para depor”, diz à reportagem André Assis, irmão de Fernandes.

O juiz Luiz Gustavo Vasques, da Comarca de Queimados, atendeu o pedido da Polícia Civil e emitiu decisão liberando a prisão de Fernandes. “Conclui-se que ainda há muitos passos a serem dados ao longo da investigação, sendo essencial a segregação dos suspeito para a livre e desembaraçada colheita de provas”, diz o Vasques.

A vítima que apontou que o homem era o assaltante é o sócio de um supermercado em Queimados. Ele diz que foi abordado por um homem disfarçado de mendigo, com boné caído sobre o rosto, no dia 22 de junho deste ano.

Esse suspeito teria se aproximado do empresário e de um funcionário do supermercado no estacionamento e levado uma bolsa com R$ 109 mil.

Após o roubo, a vítima e seu irmão, também sócio do supermercado, receberam mensagens com tentativa de extorsão pelo whatsapp, no início de agosto.

A Polícia Civil diz que os chantagstas se identificaram como integrantes do Comando Vermelho do Morro do Simão, em Queimados, ameaçaram os irmãos e pediram R$ 600 mil para não agredir os familiares de ambos.

De acordo com a família de Fernandes, ele não mora no Morro do Simão e nunca teve qualquer envolvimento com o tráfico de drogas da comunidade.

A polícia averiguou ex-funcionários do supermercado e chegaou a um rapaz de 25 anos que havia sido demitido por justa causa meses antes. Para o delegado José Afonso Mota, titular do 55º DP de Queimados, isso faz dele o articulador dos crimes por conhecer a rotina do estabelecimento. Ele também foi preso, apesar de não haver provas que indiquem sua participação no caso.

O delegado concluiu que Fernandes está envolvidono roubo porque ele é concunhado do rapaz demitido. Ele foi identificado como autor do roubo após um dos empresáriios ver sua foto na lista de amigos do Facebook do rapaz preso.

O juiz Vasques emitiu mandado de busca a apreensão nas casas dos dois suspeitos para “apreensão de arma de fogo e outros elementos de prova”. No entanto, até o momento em que a reportagem foi finalizada, a arma utilizada pelo assaltante não havia sido achada.

À reportagem, a advogada de Fernandes, Débora Antunes, excplica que o processo ainda não está em fase de provar a inocência de seu cliente. Ainda assim, o estilo de vida dele e a falta de bens materiais são indicativos de que Fernandes não obteve R$ 100 mil em quaisquer circunstâncias. A estratégia de defesa, por ora, é pedir a revogação da prisão temporária.

“Eu quero que ele responda em liberdade. Tem os requisitos para isso, e as investigações podem continuar. Não cabe ainda eu juntar as provas, mas provar que não há motivos para ele ser preso durante as investigações”, diz a advogada.