Falta pouco para acabar o primeiro semestre do ano. E o saldo para o governo não é dos melhores. Não há muito o que comemorar.

Vários institutos de pesquisa mostraram desgaste na popularidade do governo. Pesquisa Genial Quaest, por exemplo, indicava que a aprovação de Lula em fevereiro de 2023 era de 56% e a desaprovação, de 28%. Hoje, esses percentuais são de 51% e 46%, respectivamente. De acordo com pesquisa Atlas (março), há empate técnico entre tais índices (47% X 46%).

Sondagem recente do Ipec (abril) registrou que, entre oito áreas avaliadas, apenas em educação o governo obteve uma avaliação positiva maior do que a negativa (38% X 31%). Nas áreas de combate à inflação (46% X 23%), segurança pública (42% X 27%), combate ao desemprego (39%X 26%), saúde (42% X 29%), política externa (37% X 30%) e combate à fome e à pobreza (38% X 33%) a avaliação “ruim/péssima” superou a “ótima/boa”.

O relacionamento com o Congresso também não está bom. Pesquisa da Arko Advice (abril) revela que, entre os deputados, a avaliação negativa do governo (40,59%) é maior do que a positiva (35,64%). Foram muitos os atritos. Veto do presidente Lula no Orçamento da União às emendas de bancada no valor de R$ 5,6 bilhões; reversão de medidas aprovadas pelo Congresso referentes à desoneração da folha para empresas e pequenas prefeituras; embates entre o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Como consequência desses atritos, praticamente nada de relevante da agenda prioritária do governo no Congresso foi analisado.

Outro ponto para o qual vale chamar atenção são as divergências entre ministros. Ataques mútuos e “fogo amigo” entre integrantes do primeiro escalão, são o pano de fundo que envolve a sucessão de Lula em 2026. Mesmo sabendo que o presidente tentará um novo mandato, verifica-se uma intensa disputa interna sobre quem será o seu sucessor no partido.

Há também os ruídos em torno de estatais, em especial a Petrobras. Setores do PT e do governo defendem a substituição de Jean Paul Prates no comando da empresa. As divergências da empresa com o Ministério de Minas e Energia são evidentes.

Também aumentou a desconfiança do mercado em relação ao novo marco fiscal. No ano passado, foi aprovada uma meta de superávit de 0,5% do PIB para 2025. Como o governo está tendo dificuldades para aprovar a redução de gastos tributários no Congresso, insiste em aumento de gastos fixos e não quer enfrentar corte de despesa, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias vai repetir a meta de déficit zero em 2025. A mensagem que passou para o mercado é de que a meta do ano seguinte sempre poderá ser revista.

O pior de tudo: não há sinais claros de mudança de rumo. O governo parece funcionar no improviso.