Sem energia há uma semana, lojas da 25 de Março funcionam com gerador no centro de SP

Paulo Pinto/Agência Brasil
Rua 25 de Março Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Comerciantes da Rua 25 de Março, tradicional área comercial do centro de São Paulo, estão com parte da energia elétrica interrompida desde quinta-feira passada, 20. Cerca de 110 lojistas afetados precisaram dos geradores disponibilizados pela Enel, concessionária responsável pela distribuição do serviço na capital, para conseguir funcionar e realizar as vendas sem intercorrências. No momento, as lojas operam normalmente, mas são dependentes do equipamento.

A ausência de parte do serviço – apenas as redes de 220 volts foram interrompidas – prejudicou as atividades comerciais. Segundo a Univinco25, União dos Lojistas da Rua 25 de Março e Adjacências, o problema provocou afastamento dos clientes e, consequentemente, queda no faturamento. “Tivemos prejuízos, não tem como negar. Nós estamos em um período de carnaval, que é muito esperando pelo maior movimento de vendas”, lamentou Claudia Urias, diretora executiva da associação.

Em nota, a Enel explicou que a queda de energia é causada pelas altas temperaturas registradas na cidade nos últimos duas. O calor, segundo a companhia, causou aquecimento de galerias no subsolo e danificou alguns equipamentos da rede subterrânea. A reportagem do Estadão esteve na região e observou os geradores e equipes da Enel trabalhando na parte subterrânea das vias para fazer os trabalhos de ajustes.

Além da 25 de Março, a rua José Paulino, no bairro Bom Retiro, também foi afetada. Para a via, e Enel informou que a companhia já fez a troca de um transformador e vai conectar os lojistas afetados à rede da distribuidora na madrugada desta quinta, 27. “No momento, os clientes impactados nos locais afetados seguem com energia, abastecidos por geradores”, informa a empresa.

De acordo com Claudia Urias, os problemas de falta de luz região são comuns e costumam ocorrer pela interrupção na fase 220v. Ou seja, como a fase 110v continua funcionando em parte do comércio, as lojas não ficam em pleno apagão. Mesmo assim, isso já é suficiente para causar alguns prejuízos. “A parte administrativa fica comprometida, não dá para usar a maquininha (de cartão), emitir uma nota fiscal” diz.

Na quinta passada, ela conta, algumas lojas da Ladeira Porto Geral, da Rua 25 de Março e outras da Rua Comendador Abdo Schahin apresentaram interrupção de energia. Mesmo algumas lojas já tendo o serviço retomado horas depois, isso já é o suficiente para afastar a clientela, diz a diretora da Univinco25.

“O consumidor acha que toda a região está no escuro, que não tem nada funcionando, e isso não ocorreu. Parte de algumas lojas ficaram sem funcionamento, mas foi por uma ou duas horas, no máximo”, diz a diretora da Univinco25.

Apesar de algumas lojas terem o serviço de energia retomado, mas problema persistiu em outros locais, segundo Claudia. “A rede é subterrânea, tem que esperar resfriar para entrar para ver o que está ocorrendo. Eles viram que estava muito complicado de entrar já mandaram os geradores.”

Segundo ela, 110 lojistas foram afetados e conseguiram normalizar o serviço com os equipamentos da Enel. No entanto, não há previsão de até quando os comerciantes continuaram dependentes desta fonte externa de energia. “É uma rede muito complexa, está com alguns problemas. Então eles (da Enel) estão verificando para fazer o reparo e só vão retirar os geradores a partir do momento que tiver toda a rede restabelecida novamente”, disse Claudia, ao Estadão.

Por meio de comunicado, a distribuidora comentou que o trabalho em rede subterrânea envolve atuação em espaços confinados, necessidade de resfriamento prévio das galerias e exige cuidado redobrado com a segurança dos profissionais.

“As equipes da distribuidora seguem atuando na reconfiguração dos trechos danificados, assim como em ações de reforço da rede elétrica que atende à região”, acrescenta a Enel.

Região dos Jardins também registra apagão

A Rua Augusta, no bairro Jardins, zona oeste de São Paulo, registrou um apagão de oito dias, que se arrastou desde a terça-feira passada, 18, até a madrugada desta quarta, 26. A Enel diz que já normalizou o fornecimento de energia. A falta de luz que afetou a Rua Augusta, uma das mais conhecidas da capital, se estendeu entre as Alamedas Tietê e Lorena. Entre os locais afetados está um prédio comercial que, segundo os moradores, teve a energia elétrica restabelecida na sexta-feira.

O empresário André Dreyfuss, de 31 anos, dono da Sapataria Cometa, instalada há apenas um mês teve dificuldade para trabalhar nos últimos dias. “Nós abrimos, porque é possível abrir a porta manualmente, mas sem luz, sem internet, sem computador, sem nada. Não ficamos totalmente fechados, mas com o faturamento tendendo a zero”, disse o empresário ao Estadão.

No quarto dia com a loja às escuras, uma equipe técnica especializada em ligações subterrâneas foi à rua e parecia ter descoberto problema: um cabo de energia em curto-circuito, com risco de explodir ou pegar fogo. O reparos conseguiram reestabelecer a energia de um prédio do local, mas algumas lojas permaneceram no apagão. A luz só voltou para os imóveis afetados na madrugada desta quarta (Colaborou Fábio Grellet)