A casa Chanel apresentou, nesta terça-feira (25), na Ópera Garnier de Paris uma coleção de alta costura para “grandes ocasiões”, preparada pelos seus ateliês após a saída abrupta da sua diretora artística, Virginie Viard, ex-braço direito de Karl Lagerfeld.

Sofisticada, luxuosa, teatral, a coleção foi apresentada nos corredores que circundam a sala de concertos, vestidos de veludo vermelho para a ocasião.

Uma capa medieval, um vestido noturno com mangas cavadas que se franzem nos punhos, um fato de toureiro com babador branco e um smoking de veludo marcaram presença neste desfile que não esqueceu os clássicos tweeds da casa, disponíveis em vermelho bordô e preto luminoso.

O toque “Lagerfeldiano” foi o vinil, neste desfile em que as modelos usaram um grande laço nos cabelos.

Não houve saudações no final ou notas de desfile. A coleção foi feita por 150 artesãos de moda instalados nas oficinas da Cambon Street, informou a Chanel em comunicado.

A crise vinha fermentando há meses: as caretas céticas na primeira fila de cada desfile de Virginie Viard tornaram-se recorrentes.

O conflito explodiu no dia 2 de maio, após o desfile Cruise da Chanel em Marselha, criticado por sua fofura e certa falta de audácia.

O anúncio de sua saída, no meio da noite, foi feito fora dos códigos da casa fundada por Gabrielle Chanel em 1910.

Diante da violência das críticas à diretora artística, cuja saída foi recebida com alívio no microcosmo da moda, o criador Lutz Huelle denunciou “pura crueldade”.

“Não consigo imaginar Karl trabalhando com alguém durante todos esses anos sem que essa pessoa fosse capaz de fazer um excelente trabalho”, disse à AFP.

Durante estes cinco anos, as vendas da casa, maioritariamente propriedade da família Wertheimer, atingiram níveis recorde, quase 20 bilhões de dólares em 2023 (valor em 107,9 bilhões de reais na cotação atual), um “ano novo excepcional” segundo a marca.

Desde que Viard assumiu, as vendas aumentaram 23% no setor do pronto-a-vestir.

No entanto, substituir a personalidade extravagante do “Kaiser” Lagerfeld se provou difícil para uma designer discreta, cuja posição era provisória.

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