Sem conversas com Trump, Lula embarca para os EUA para assembleia da ONU

Em discurso previsto para terça, petista deve mandar indiretas ao presidente dos EUA e intensificar falas sobre soberania

O presidente Luiz Inácio Lula da Siva participa de uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto, em Brasília, em 28 de agosto de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Siva participa de uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto, em Brasília, em 28 de agosto de 2025 Foto: AFP/Arquivos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca neste domingo, 21, para Nova York, para participar da Assembleia Geral das Organização das Nações Unidas (ONU) na próxima terça-feira, 23. Essa será a primeira viagem do petista aos Estados Unidos desde o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump aos produtos brasileiros.

Lula não deve fazer agendas com Trump ou intermediários da Casa Branca. Deve focar em seu discurso que marcará a abertura do evento. Mesmo assim, o petista poderá cruzar com o presidente norte-americano na ONU, já que Trump é o segundo a discursar.

O chefe do Palácio do Planalto deve focar sua fala na soberania dos países, com indiretas aos Estados Unidos. Há chances de comentar sobre a guerra comercial, com críticas ao tarifaço de 50% imposto pela Casa Branca aos produtos brasileiros.

A medida foi anunciada em julho, como retaliação ao julgamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de participar da trama golpista. A sanção não funcionou e Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão. Mesmo com a defesa do governo americano ao ex-presidente brasileiro, especialistas avaliam que o tarifaço tem como pano de fundo a defesa do Palácio do Planalto na criação de uma nova moeda para transações comerciais entre países.

Lula também deve defender o empenho dos países na preservação ambiental, além de forçar a participação das nações na COP 30, evento climático que terá Belém (PA) como sede neste ano. O petista também pretende lançar oficialmente o Fundo para Florestas Tropicais, conhecido como TFFF, uma das principais demandas do país para a COP.

Para completar o discurso, o chefe do Planalto deve reforçar a defesa do cessar-fogo nas guerras da Ucrânia e em Gaza, novamente criticando o esforço de países – como os Estados Unidos – para a manutenção dos conflitos.

Agenda nos EUA

Antes da assembleia, Lula deverá participar de uma conferência com a França e a Arábia Saudita para discutirem a guerra em Gaza. Os países tentam encontrar soluções pacíficas para os dois países encerrarem o conflito.

O petista também terá agendas de negociações climáticas e participará de um evento para debater a COP 30 com o secretário-geral da ONU, António Guterres. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também marcará presença no evento e nas rodadas de negociações para a conferência climática.