Sem consenso em torno do texto, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), retirou o PL Antifacção da pauta de votações nesta terça-feira, 11. A votação deve acontecer apenas na quarta-feira, 12, e novas mudanças no mérito podem acontecer.
O relator do texto, o deputado federal Guilherme Derrite (Progressistas-SP), chegou a fazer alterações no texto após uma conversa com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. No novo relatório, Derrite deixou aberta a possibilidade da participação da PF no combate ao crime organizado, mas ainda mediante um aval das autoridades estaduais. Nos corredores, o projeto ainda desagrada o governo, a PF e parte do Centrão.
A proposta foi enviada ao Congresso pelo Palácio do Planalto em resposta à operação no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho que deixou 121 mortos no fim do mês passado. O texto é visto por interlocutores do Planalto como a chance de colocar o tema na pauta da candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A escolha de Derrite como relator, inclusive, incomodou o Planalto e deputados da base governista. Na avaliação deles, a escolha foi uma provocação a Lula para fortalecer a oposição, já que o deputado é secretário de Segurança Pública licenciado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), possível adversário do petista nas eleições de 2026.
Para tentar costurar um acordo, Hugo Motta se reúne nesta tarde com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, em busca de apoio da pasta. O presidente da Câmara também conversará com Gleisi Hoffmann, ministra da articulação política, que deverá pedir o adiamento da votação para a próxima semana. Gleisi deve pontuar que parte da base do governo está na COP-30, em Belém, e ficaria inviável a votação de uma pauta crucial para o governo.
Embora Derrite tenha feito mudanças no relatório divulgado na última semana, deputados governistas e do Centrão apostam em novas mudanças no mérito. Dois parlamentares apontaram à IstoÉ não haver consenso nem de pares da oposição sobre o projeto, o que poderia esvaziar a votação.