Muitas vezes escrevi que imagem exterior do Brasil é a principal trava ao seu desenvolvimento. É uma verdade.

Quem não conheça o Brasil por dentro e apenas fique lendo os jornais até pode acreditar que é um lugar cheio violência, infestado por corrupção e governado por um bando de políticos malucos e desbocados. Mas isso não é verdade. O Brasil é um ecossistema político e social complexo que requer muito estudo e dedicação. Mas é um lugar único de oportunidades.

O Brasil é uma terra maravilhosa com grandes exemplos a dar ao mundo. Cheio de grandes empresas, grandes projetos, grandes cidades e servidores públicos de extraordinária qualidade, mas como (ainda) vive isolado do mundo, a imagem que projetam dele no estrangeiro é má. E ainda ninguém faz nada para a melhorar.

Por exemplo Brasília — é a única cidade construída na era do betão que é tombada, classificada como patrimônio da humanidade e um verdadeiro museu a céu aberto — mas na verdade ninguém fala disso no exterior. Nem os seus próprios cidadãos.

Muitas empresas brasileiras — esta coluna não chegaria para as nomear — são verdadeiros exemplos de inovação que não têm paralelo em mais nenhum país do mundo, mas que não conseguem ser bandeira, nem mensagem.

Um país onde o capital e o talento são abundantes tem de escolher a comunicação como prioridade política. O Brasil precisa de uma estratégia internacional de comunicação e que a melhor empresa de RP do mundo que defina um plano estratégico que venda, no exterior, aquilo que os brasileiros sabem, mas no que, por falta de habilidade política, nenhum estrangeiro acredita.

Em um país mais onde o maior ídolo do futebol vira uma piada quotidiana existe um problema grave. É como imaginar os portugueses a troçar do CR7, ou os argentinos tirando sarro com do Messi? Dá para imaginar?

Mas então por que motivo, na era da globalização que coloca todos em contato permanente, o Brasil não seja a terra maravilhosa de sempre e muitas vezes pareça um roteiro de terror?

A resposta é simples: muitos brasileiros que tomam decisões – sejam cidadãos, empresários ou políticos – ainda pensam que não precisam dos estrangeiros para nada e nos dias de hoje esse pensamento é um erro fatal.

A boa notícia é que há um grupo na elite brasileira, cada vez mais numeroso, que já percebeu que o Brasil futuro se constrói além-fronteiras. Que aposta em parcerias internacionais e compreende que na era da conectividade global por maior que seja um país não tem futuro sozinho.

Alguns desses brasileiros e brasileiras, também já perceberam que a língua é o território mais óbvio para esse crescimento. São aqueles que, como Juscelino Kubitscheck, voltam atrás sempre que se enganam e não têm compromisso com o erro.

Esses são os brasileiros do futuro.