Em sua tradicional live semanal, nesta quinta-feira (3), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), disse que é comum o Exército não aplicar punições, sem citar diretamente o caso do ex-ministro da Saúde e general da ativa Eduardo Pazuello, que teve sua conduta avaliada, e não punida, pela instituição após descumprir o regulamento do Exército e participar de uma manifestação política ao lado de Bolsonaro.
“A punição existe nas Forças Armadas. Ninguém interfere, a decisão é do chefe imediato dele [do soldado] ou do comandante da unidade. E a disciplina só existe porque realmente nosso código disciplinar é bastante rígido”, disse o presidente.
Bolsonaro, que trabalhou nos bastidores para que o Exército não punisse Pazuello, disse na sequência que é “comum” a entidade acabar não punindo determinadas condutas, e de um exemplo de uma desavença que teve com um soldado quando era tenente.
“Já aconteceu, eu lembro uma vez, em 1980, eu levei uma aparte de um soldado para o subcomandante e ele falou: ‘Volta aqui à tarde, mas eu te peço uma coisa: se coloque no lugar de quem você está punindo, para ver se procede o que você escreveu com essa rigidez toda’. E aí eu voltei à tarde e falei: ‘Major, não pretendo mais representar o soldado. Realmente não houve transgressão disciplinar por parte do soldado. E isso é comum acontecer”, disse o presidente.
Nesta quinta, o Comando do Exército anunciou que o ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello não cometeu “transgressão disciplinar” por ter participado de ato político no Rio de Janeiro ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A polêmica decisão acaba indo ao encontro da vontade do presidente, que não queria que seu aliado fosse punido. Mas também amplia o desgaste das Forças Armadas com o governo, já que a punição para o general era defendida por muitos oficiais de alta patente.
“Acerca da participação do General de Divisão Eduardo Pazuello em evento realizado na Cidade do Rio de Janeiro, no dia 23 de maio de 2021, o Centro de Comunicação Social do Exército informa que o Comandante do Exército analisou e acolheu os argumentos apresentados por escrito e sustentados oralmente pelo referido oficial-general. Desta forma, não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar por parte do General Pazuello”, afirma o comunicado emitido pela Força.
Com isso, foi arquivado o procedimento administrativo que havia sido instaurado para verificar a conduta do general.