O entorno do Maracanã, pouco antes da final da Taça Rio entre Fluminense e Flamengo, não estava vazio. Cerca de 200 pessoas circulavam por ali, mas para fazer exercícios. Corredores, ciclistas, alguns skatistas (quase a metade sem máscara) que se misturavam com dezenas de policiais e poucos ambulantes.

Um desses vendedores era Eriberto. Com camisa do Flamengo e máscara do Rubro-Negro, não escondia o time de sua predileção, mas também lamentava o fato de – em plena noite de final de turno e com chance de seu time do coração conquistar mais um título – ele não conseguir faturar.

– Num dia de jogo, ganho uns R$ 500. Em finais, até R$ 700. Hoje, se tirar uns R$ 100 já estarei satisfeito – disse o nordestino, confiante num bom resultado do Flamengo.

Moro aqui perto, no bairro do Rocha. Vou ficar até o início do jogo e escutar a parte final. Vai passar na televisão? – perguntou Eriberto, pouco satisfeito com a confirmação de que o duelo seria transmitido em redes sociais.

Muitos que transitavam pelo Maraca se exercitavam com camisas de clubes, Barcelona, seleção da Colômbia, dezenas com a do Flamengo e nenhum com a do Fluminense.

– O Flamengo é favorito. Não estamos muito animados – disse Paulo Sérgio, um raríssimo torcedor tricolor, que estava à paisana fazendo caminhada.

Um pouco mais à frente, um casal de rubro-negro, Juliana e Fred, terminava a corridinha em volta do estádio e, ao lado de onde está instalado o hospital de campanha, estranhava a calmaria quando faltavam poucos minutos para o início da final.

– Estranho demais isso tudo e com esse hospital do lado. Mas vamos acompanhar o jogo – disse Juliana.

– Resta a telinha do computador e a do celular, mas vai dar Flamengo 2 a 0 – completou Fred.

A verdade é que aglomeração somente no ponto de ônibus ao lado do portão 11. Mesmo assim, com oito pessoas.

– Que chegue logo, quero ver esse jogo. Qual o jogo mesmo? – brincou uma senhorinha de seus 70 anos, que pelo sotaque português dava pinta de torcer pelo Vasco.