O ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, e pré-candidato ao governo de Minas, se aborreceu durante entrevista concedida à TV Capelinha, neste sábado (4/6), para o programa UAI Cast, e desferiu violento ataque verbal ao repórter, ameaçando, inclusive, atirá-lo pela janela após xingá-lo de ‘merdinha’ e ‘bananão’.

Kalil já havia demonstrado irritação quando o rapaz lhe questionou sobre suas contradições políticas, já que outrora crítico do PT, hoje é aliado e defensor veemente do ex-presidente Lula, de quem depende substancialmente para lhe ajudar a alcançar o atual governador do estado, Romeu Zema, nas pesquisas eleitorais.

As perguntas se referiam às dívidas de Alexandre Kalil junto à Receita Federal, INSS, Justiça do Trabalho e até mesmo à prefeitura de Belo Horizonte, por causa de IPTU não pago. Mesmo sendo alguém muito rico, morador de imóvel de luxo, possuidor de carros e motos importados, o ex-prefeito não quitou seus débitos.

Em sua defesa, Kalil alegou que tudo está sendo discutido judicialmente, e que já deu garantias à Justiça. Mas disse não aceitar que sua vida pessoal seja discutida e que este tipo de coisa (apontar os problemas pessoais dos políticos) é baixaria, deslealdade e que campanhas políticas não podem seguir por tal caminho.

O que o ex-prefeito quer dizer – e fazer valer! – é que os eleitores não têm nada com a vida pessoal dos candidatos, e que devem se ater exclusivamente à vida pública, realizações, promessas cumpridas ou não cumpridas, possíveis casos de corrupção, etc., mas jamais adentrarem ao campo privado (empresarial, social, familiar…).

Nas democracias mais desenvolvidas, Kalil estaria simplesmente arrasado, morto e enterrado para sempre, pois, por lá, sobretudo nos Estados Unidos e na Inglaterra, pequenos erros ou pecadilhos fúteis e sem importância já são mais do que suficientes para alijar da política os governantes descuidados.

Nesses países, como em tantos outros mais escolarizados e politizados, políticos têm suas vidas privadas vasculhadas antes, durante e depois de seus mandatos. Por lá, não tem essa de ‘faço o que quiser em casa e nos dias e horas de folga’ desde que, no exercício do cargo, ‘eu seja íntegro e entregue bons resultados’.

Sim, há políticos e governantes nesses países que têm dívidas pessoais e empresariais; Donald Trump foi um exemplo. Mas nenhum deles parte para a agressão – quase física! – de um repórter quando é confrontado. Além disso, a depender do tipo da dívida, jamais seria eleito. Aliás, é o caso de Kalil, que foi prefeito e devia IPTU à cidade.

Há um certo tipo de político no Brasil (Kalil, Bolsonaro, Ciro Gomes, o falecido Antônio Carlos Magalhães, dentre outros) que opera pela intimidação. Sempre que confrontado, parte para o grito, a ameaça física e ofensa pessoal. Pode ser apenas um meio desequilibrado de defesa, mas cheira a diversionismo também.

É aquela história do pombo jogando xadrez: na falta de argumentos e diante da derrota, o melhor a fazer é derrubar tudo, ‘cagar’ no tabuleiro e sair cantando de Galo. Galo, aliás, onde Alexandre Kalil cansou de fazer o mesmo sempre que alguém ousava questioná-lo. Como se vê, problemas com perguntas incômodas não são novidade.