LONDRES, 07 DEZ (ANSA) – Sem conseguir fechar o acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia, a primeira-ministra Theresa May está cada vez mais ameaçada de perder o cargo.   

O prazo dado por Bruxelas termina no próximo domingo (10), para que haja tempo de o tema ser levado à próxima reunião do Conselho Europeu, principal instância política do bloco, entre 14 e 15 de dezembro.   

No entanto, May tem sofrido pressão de três grupos de sua base aliada: dos eurocéticos de sua legenda, o Partido Conservador; de uma ala “pragmática” que defende um divórcio “suave”; e do Partido Unionista-Democrático (DUP), sigla anti-UE da Irlanda do Norte.   

Todos eles têm números suficientes para derrubar a primeira-ministra caso não fiquem satisfeitos com o acordo.   

Dentro do Partido Conservador, uma ala pede para ela buscar um compromisso com Bruxelas, enquanto outra cobra que a premier não faça concessões excessivas.   

No acordo desenhado por Reino Unido e UE, as fronteiras entre Irlanda do Norte e Irlanda, país que faz parte do bloco, continuariam abertas. Contudo, para isso ocorrer, o Ulster teria de permanecer no mercado comum mesmo depois do Brexit, ideia rechaçada pelo DUP.   

“A Irlanda do Norte tem de deixar a UE nos mesmos termos do Reino Unido, não aceitaremos nenhuma forma de divergência que separe a Irlanda do Norte econômica e politicamente do restante do Reino Unido”, disse a líder do partido unionista, Arlene Foster, nesta semana.   

Além disso, a abertura de uma exceção incomodou Escócia, País de Gales e Londres, que pediram as mesmas condições oferecidas à Irlanda do Norte – desses três locais, o “Brexit” venceu apenas em Gales no plebiscito de junho de 2016.   

Por outro lado, a República da Irlanda quer a manutenção das fronteiras abertas com a Irlanda do Norte – o retorno dos controles na divisa violaria um acordo de paz de 1998 -, e Bruxelas não aceitará um pacto que contrarie Dublin.   

Segundo a imprensa britânica, os líderes europeus estão cada vez mais convencidos de que May cairá já na próxima semana caso não consiga solucionar o impasse. Também está pendente a questão da “conta” do Brexit – especula-se que o governo britânico teria aceitado pagar cerca de 50 bilhões de euros, mas Downing Street não confirma.   

Apenas quando resolverem esses dois pontos, Bruxelas e Londres passarão para a segunda fase das tratativas, quando será discutida a relação comercial entre UE e Reino Unido no pós-Brexit. (ANSA)