Sem acordo de cessar-fogo, Ucrânia e Russia acertam troca de mil prisioneiros

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Chanceler turco Hakan Fidan em reunião com russos e ucranianos em Istambul Foto: Divulgação via REUTERS

ISTAMBUL (Reuters) – A Ucrânia mobilizou seus aliados ocidentais na sexta-feira, após Kiev e Moscou não acertarem um cessar-fogo em sua primeira negociação direta em três anos, com a Rússia apresentando condições que, segundo uma fonte ucraniana, vão além de suas exigências anteriores.

Sob pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar o conflito, delegados dos países em guerra se encontraram pela primeira vez desde março de 2022, um mês depois de a Rússia invadir sua vizinha.

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As negociações em um palácio de Istambul duraram bem menos de duas horas, e não houve anúncio imediato sobre se ou quando as partes poderiam se reunir novamente.

A Rússia expressou satisfação com as conversas e ambos os países disseram ter concordado em trocar 1.000 prisioneiros de guerra de cada lado.

Mas Kiev, que deseja que o Ocidente imponha sanções mais severas a menos que Moscou aceite uma proposta de Trump para um cessar-fogo de 30 dias, imediatamente começou a mobilizar seus aliados para uma ação mais dura.

Assim que as negociações terminaram, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, conversou por telefone com Trump e os líderes de França, Alemanha e Polônia, disse o porta-voz de Zelenskiy.

As demandas da Rússia estavam “distantes da realidade e vão muito além de qualquer coisa que tenha sido discutida anteriormente”, afirmou uma fonte da delegação ucraniana à Reuters.

A fonte, falando sob condição de anonimato, disse que Moscou emitiu ultimatos para que a Ucrânia se retire de partes de seu próprio território a fim de obter um cessar-fogo “e outras condições inaceitáveis ​​e não construtivas”.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse que a posição russa era inaceitável e que os líderes europeus, a Ucrânia e os EUA estavam “alinhando estreitamente” suas respostas.

As expectativas de um grande avanço, já baixas, foram ainda mais abaladas na quinta-feira, quando Trump, encerrando uma viagem ao Oriente Médio, disse que não haveria movimento sem um encontro entre ele e o presidente russo, Vladimir Putin.

Zelenskiy afirmou que a prioridade de Kiev era “um cessar-fogo total, incondicional e honesto… para interromper a matança e criar uma base sólida para a diplomacia”. Ele disse que, se a Rússia se recusasse, deveria ser alvo de novas e fortes sanções contra seu setor energético e bancos.

A Rússia afirma querer encerrar a guerra por meios diplomáticos e que está pronta para discutir um cessar-fogo. Mas levantou uma série de questões e preocupações, dizendo que a Ucrânia poderia aproveitar uma pausa para descansar suas forças, mobilizar tropas adicionais e adquirir mais armas ocidentais.

A Ucrânia e seus aliados acusam Putin de protelar e afirmam que ele não leva a sério o desejo de paz.

Dois caminhos

Foi Putin quem propôs as negociações diretas na Turquia, mas ele recusou o desafio de Zelenskiy de encontrá-lo pessoalmente, enviando uma equipe de autoridades de nível médio. A Ucrânia respondeu nomeando negociadores de nível semelhante.

Ambos os lados estão sob pressão de Trump para pôr fim ao conflito mais mortal da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Os delegados estavam sentados frente a frente, com os russos de terno e metade dos ucranianos usando uniformes militares camuflados.

“Há dois caminhos à nossa frente: um nos levará a um processo que levará à paz, enquanto o outro nos levará a mais destruição e morte. As partes decidirão por si mesmas, com sua própria vontade, qual caminho escolherão”, disse o ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan, no início da reunião.

A fonte ucraniana contou que os ucranianos falaram em sua própria língua, embora o russo seja amplamente falado e compreendido na Ucrânia.