A possível queda da taxa básica de juros, a Selic, para um dígito – conforme expectativa do mercado para a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) desta quarta-feira, 26 – será positiva para o crédito imobiliário, uma vez que pressionará para baixo o custo do segmento e trará mais concorrência entre os bancos

A avaliação foi feita pelo presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Gilberto Abreu. “Recursos mais baratos vão voltar a irrigar o mercado de crédito imobiliário uma vez que a poupança ficará mais competitiva em relação aos fundos de investimento”, destacou, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 26.

De acordo com pesquisa do Projeções Broadcast realizada na última sexta-feira, 21, com 41 instituições, 39 acreditam que os juros devem passar de 10,25% para 9,25% na reunião de julho. O presidente da Abecip destacou que, embora juros de um dígito sejam positivos para o setor de crédito imobiliário, quando a Selic cair abaixo dos 8,5% ao ano permitirá crédito mais acessível e barato para o segmento, pois de forma automática passam a valer as novas regras da poupança, que tornam o instrumento mais atrativo.

“Com Selic a 8%, a poupança será extremamente mais competitiva e voltará a ter fluxo importante de recursos, que contribuirá com o crédito imobiliário e traria os preço dos financiamentos para perto de um dígito ou de um dígito”, reforçou Abreu.

Ele afirmou, contudo, que a Selic em um dígito já adiciona uma dose a mais de concorrência entre os bancos no crédito imobiliário. O próprio banco que o presidente da Abecip representa, o Santander Brasil, já anunciou uma estratégia mais agressiva para ganhar espaço neste segmento, inclusive, com redução dos juros.

No primeiro semestre deste ano, o saldo da poupança somou R$ 525,4 bilhões, aumento de 6,5% em relação ao mesmo período de 2016. No ano passado, o aumento foi de 1,3% após recuo de 3% em 2015, segundo dados da Abecip e Banco Central.

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Captação

A queda da taxa Selic para um dígito torna a Letra Imobiliária Garantida (LIG) um instrumento de funding para o setor imobiliário, disse Abreu. Para que deslanche no Brasil, porém, depende de regulamentação por parte do Banco Central. Embora não tenha dado um prazo para isso, Abreu disse que as discussões avançam bem.

“A LIG é muito interessante em um ambiente de juros de um dígito ao ano, não só para bancos como para empresas hipotecárias menores”, disse o presidente da Abecip.

A Associação, de acordo com ele, gostou da proposta da LIG, que passou por audiência pública. Abreu disse que o instrumento, além de ser muito diferente e com regulamentação sofisticada, tem um grau de segurança maior para os investidores. Segundo ele, as demandas da entidade em relação à letra foram acatadas, mas o mais importante é que o instrumento final a ser implementado seja simples para os investidores.

A LIG é uma alternativa de funding de longo prazo para o mercado imobiliário que no ambiente internacional é bastante desenvolvida, os chamados “covered bonds”. Aqui, o produto foi criado em 2015, mas ainda não tem regulamentação definida para ser emitida no País.

De acordo com Abreu, não só a LIG bem como outros instrumentos de securitização como letra de crédito imobiliária (LCI) e certificado de recebível imobiliário (CRI) não só voltam a ser atrativos com juros de um dígito no Brasil bem como também viáveis – beneficiando a concessão de crédito para a compra de imóveis.


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