Neymar, no lance do gol que marcou contra a Croácia (Crédito:Oli SCARFF / AFP)

No intervalo do amistoso com a Croácia, neste domingo em Liverpool, o técnico Tite apontou os três erros que o time apresentou na primeira tempo, quando os croatas jogaram melhor e tiveram mais tempo com a bola: a saída da defesa estava ruim, não havia jogo por dentro e a pressão alta andou frouxa. Para a saída melhorar, Philippe Coutinho se aproximou mais dos volantes e o trabalho pelas laterais foi mais efetivo. Com Neymar mais à frente, na intermediária da Croácia, a marcação na saída de bola melhorou.

O Brasil venceu por dois a zero, mas a comissão técnica sabe que estes ajustes terão que ser treinados à exaustão. “Para nós, futebol é equilíbrio entre as ações e isso só se consegue com trabalho. Não tem magia”, afirmou Cléber Xavier, auxiliar do técnico Tite. A entrada de Neymar no lugar de Fernandinho e a liberação de Philippe Coutinho, que saiu do lado esquerdo e veio armar pelo meio, “soltou” o time brasileiro que só tinha encontrado saídas ofensivas com bolas cruzadas da esquerda para a direita onde estava William em tarde inspirada.

Na coletiva , depois do amistoso, Tite defendeu Fernandinho, um segundo volante que sabe sair em contra-ataques. “O Fernandinho participou pouco nesse jogo, mas ele é articulador e tem bom passe”, disse. O treinador ainda lembrou de uma partida em que o jogador do Manchester City foi eficaz na armação: “E o jogo da Alemanha, em que vencemos com o Fernandinho por dentro?”, relembrou.

Uma da lições que a vitória trouxe foi esta: jogar com três volantes (Casemiro, Paulinho e Fernandinho) pode funcionar se o adversário vier para cima. Mas se ele, como a Croácia, tiver cinco homens no meio de campo e marcação alta agressiva, a solução pode ser um armador a mais e pelo meio. Foi o que aconteceu no estádio Anfield Road.

Detalhe: no próximo amistoso contra a Áustria, no dia 10, é possível que Tite mantenha a mesma formação que começou o jogo deste domingo diante da Croácia. Não se trata só de formatar uma equipe titular, mas de aperfeiçoar formações táticas diferentes. Se os austríacos jogarem de forma ofensiva, como fizeram boa parte da vitória sobre a Alemanha (2 a 1) no sábado, seria interessante ver como os três volantes vão se sair.

Neymar fez a diferença na frente, com um gol de dois cortes e um chute indefensável. Retornou melhor do que a comissão técnica esperava. “Ele voltou acima do padrão normal, muito acima das minhas expectativas. Esperava muito menos dele. Existe um processo de retomada após uma lesão. O atleta diferenciado retoma tudo mais aceleradamente, mas precisa passar por etapas”, avaliou o treinador. Mas o atacante do PSG -que pode estar indo para o Real Madrid e ouviu um “nos vemos em breve” do meia croata e merengue Modric- pode até iniciar o jogo novamente no banco.

O treinos da semana vão dizer quais as ideias de Tite para o último confronto antes da estreia na Copa do Mundo contra a Suíça, no dia 17. Até lá, saída de bola, jogo pelo meio e pressão alta serão treinados ao limite. O conceito é este: “fortalecer o jogo coletivo para as individualidades aparecerem”. Integrantes da comissão já estão fechando um relatório sobre a Áustria que bateu a Alemanha. Quando a seleção chegar na Rússia, a partir de 11 de junho, o foco passa a ser a Suíça, seleção estudada pelo analista de desempenho do Grêmio.