Seis colombianos presos no Equador pelo assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio foram assassinados em meio aos “distúrbios” ocorridos na sexta-feira (6) em um presídio da cidade portuária de Guayaquil, cenário frequente de confrontos sangrentos entre gangues de traficantes.

O órgão estatal responsável pelas prisões (SNAI) garantiu em comunicado que os reclusos mortos na prisão de Guayas 1 “são de nacionalidade colombiana e foram acusados do homicídio” do candidato presidencial.

Os suspeitos foram capturados logo após o assassinato, em 9 de agosto. Villavicencio foi morto a tiros quando saía de um comício no norte de Quito, às vésperas das eleições gerais antecipadas de 20 de agosto.

“O Governo Nacional condena este fato e ratifica a sua vontade política de colaborar com as investigações pertinentes no sentido de identificar os responsáveis intelectuais pelo crime do ex-candidato”, acrescentou o SNAI.

Treze pessoas foram presas pelo assassinato, enquanto outro jovem colombiano acusado de atirar no político foi morto por seus guarda-costas. Villavicencio foi um ex-deputado e ex-jornalista investigativo conhecido por suas constantes denúncias de corrupção que geravam escândalos.

O presidente de direita Guillermo Lasso, que viajou na quinta-feira a Nova York para tratar de assuntos pessoais, anunciou na rede social X que “nas próximas horas” retornará ao Equador “para atender esta emergência”.

“Nem cumplicidade nem encobrimento, saberemos a verdade”, acrescentou o governante e ordenou que “o Gabinete de Segurança se reúna imediatamente”.

Lasso, que mantém uma guerra aberta contra o tráfico de drogas, estava programado para ir de Nova York a Seul em visita oficial a partir deste sábado para promover a negociação de um acordo comercial.

A morte dos presos ocorre dias antes do segundo turno presidencial entre a esquerdista Luisa González e o direitista Daniel Noboa, em 15 de outubro.

– Eleições sob fogo –

Guayas 1 é um dos cinco presídios de um grande complexo penitenciário localizado em Guayaquil (sudoeste do país), que se tornou um centro de operações de gangues do narcotráfico, onde disputam o mercado de drogas. Confrontos entre presos deixaram mais de 430 mortos desde 2021.

Segundo o SNAI, uma equipe criminalística estava retirando os corpos, enquanto a polícia e os soldados “forneciam proteção” neste presídio de cerca de 6.800 reclusos.

A mídia local informou que o pavilhão 7 é controlado por Los Águilas, uma das várias gangues equatorianas aliadas a cartéis do México, como os de Sinaloa e Jalisco Nueva Generación, e da Colômbia.

O Equador encerra uma campanha presidencial abalada pela violência política e pela guerra às drogas. Além de Villavicencio, outros sete políticos foram assassinados no último ano, incluindo um prefeito, dois vereadores, um candidato a deputado e um líder local.

O candidato Noboa instou o governo a investigar as mortes dos presos.

“Como poderíamos permitir o fortalecimento da violência que mergulhou todo o país no terror e na incerteza?”, perguntou ele em nota.

Sua rival, a esquerdista González, garantiu que existe uma “estratégia de terror que tentam impor aos cidadãos”.

“Basta!”, gritou a candidata em vídeo veiculado na rede X.

A grande investigação de Villavicencio levou o ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), que vive na Bélgica, a ser condenado a oito anos de prisão por corrupção.

No final de setembro, a viúva do candidato presidencial assassinado relatou um ataque contra ela.

– Massacres –

Localizado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores mundiais de cocaína, o pequeno país sul-americano conseguiu evitar a violência das máfias. Mas há alguns anos os cartéis impõem o terror com aumento da violência dentro das prisões e massacres que deixam dezenas de corpos desmembrados e incinerados.

Nas ruas, os homicídios quadruplicaram entre 2018 e 2022, subindo para o recorde de 26 por 100 mil habitantes.

Essa taxa no Equador, com 16,9 milhões de habitantes segundo o censo de 2022, chegará a 40 este ano, segundo especialistas.

Os motins na penitenciária de Guayaquil ocorreram em meio ao estado de emergência decretado em julho para todas as prisões do país, devido à violência entre presos.

Esta medida, que foi prorrogada até quase o final de outubro, permite ao governo mobilizar soldados para os presídios.

O estado de emergência foi imposto após confrontos entre reclusos de Guayas 1, que deixaram dezenas de vítimas.

A polícia relatou então a descoberta de onze corpos e 29 membros humanos na penitenciária, enquanto o Ministério Público relatou 31 mortes.

Desde maio de 2021, quando o direitista Lasso tomou posse, o país apreendeu mais de 500 toneladas de drogas, principalmente cocaína.

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